Movimentos populares que compõem a Aliança Bolivariana pelos Povos da Nossa América (Alba Movimentos) — entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e parlamentares — entregaram, nesta segunda-feira (8), duas cartas de repúdio às embaixadas do Haiti e da Colômbia, em Brasília.
À chancelaria do primeiro país, os grupos entregaram documento em que reforçam o pedido internacional para que o presidente haitiano, Jovenel Moïse, deixe o poder e permita que um governo de transição assuma em seu lugar.
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Já aos representes da Colômbia em Brasília, as entidades exigiram justiça pelo assassinato do militante camponês Omar Moreno.
Puxam as cartas o MST e a Alba Movimentos.
Presidência do Haiti
Entregue à embaixada do Haiti em Brasília, a carta da Alba Movimentos alerta sobre os riscos de o presidente Jovenel Moïse se manter no poder por mais um ano. Empossado em 2016 para um mandato de cinco anos, Moïse argumenta que só iniciou seu governo efetivamente em 2017.
Neste fim de semana, o presidente determinou a prisão de dezenas de oponentes políticos alegando tentativa de golpe contra seu governo. Entre os detidos, está o juiz Ivickel Dabrésil, do Tribunal de Cassação da corte suprema do Haiti e seu sucessor na presidência do país.
"Moïse perseguiu trabalhadores, lutadores e movimentos populares, agravando a vida do povo haitiano. Como não ocorreram eleições para o Executivo, ocorrerá um aprofundamento da crise política no país, que atualmente está sem Parlamento e com o Judiciário paralisado. Assim, o término deste governo abre uma janela de possibilidades para um governo de transição que garanta a restauração da democracia no país, caso as forças populares consigam ocupar as ruas com grandes mobilizações de massas nos próximos dias", diz a nota da Alba Movimentos.
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Contexto político do Haiti
Em entrevista à Telesur, Camille Chalmers, professor de Economia e Sociologia da Universidade Pública do Haiti, situa o atual contexto da crise política no Haiti e a luta das forças de oposição exigindo a renúncia de Moïse.
Assista à entrevista a seguir:
Militante desaparecido na Colômbia
Já a carta destinada ao embaixador da Colômbia no Brasil, Darío Montoya Mejía, exige justiça pela tortura, homicídio e desaparecimento de Omar Moreno Ibague, líder social camponês e sobreviviente do massacre contra a União Patriótica.
Segundo a carta, Omar desapareceu em 28 de dezembro de 2020, quando viajava em um táxi intermunicipal da cidade de Llorente a Pasto, no departamento de Nariño, no sul da Colômbia. O veículo foi interceptado por duas motos, e seus condutores arrancaram Omar do carro e o levaram consigo.
"Sabemos que a comunidade informou que Omar Moreno Ibague foi assassinado e desaparecido porque imagens e vídeos comoventes da tortura e do assassinato aos quais foi submetido por um grupo armado que se autodenomina Oliver Sinisterra circularam naquela região", detalha a carta do MST em espanhol.
O MST denuncia que o corpo de Omar está desaparecido há mais de dez dias. "É urgente que os mandatos constitucionais e acordos internacionais sejam cumpridos pelas autoridades competentes, pois já se passaram mais de dez dias desde que a família Moreno Ibagué notificou as autoridades do crime hediondo e até hoje o corpo não foi recuperado", alerta na carta.
Edição: Camila Maciel