Fora Bolsonaro

Protestos neste sábado cobram volta do auxílio emergencial contra o caos e a fome

Organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, atos ocorrem em todo o Brasil para cobrar manutenção dos R$ 600

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Novos protestos neste sábado (6) pedem impeachment de Jair Bolsonaro e volta do auxílio emergencial - Ricardo Stuckert

No país dos gastos públicos milionários com leite condensado e emendas para “convencer” parlamentares a apoiar o governo federal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma faltar dinheiro para a volta do auxílio emergencial. E condiciona o pagamento dos R$ 600 do benefício à aprovação de reformas.

Enquanto isso, estão em desespero os cerca de 60 milhões de brasileiros que receberam o valor conquistado no ano passado por pressão das centrais sindicais, dos movimentos sociais, e da oposição ao governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional. Para 36% desses cidadãos, o auxílio emergencial foi a única fonte de renda durante a pandemia do novo coronavírus. Mães, chefes de família, chegaram a receber R$ 1,2 mil mensalmente e isso salvou vidas.

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Projeção da FGV Social indica que quase 27 milhões de pessoas começaram o ano na condição de extrema pobreza. São brasileiros obrigados a sobreviver com R$ 8,20 por dia ou R$ 246 por mês. Diante dessa situação, as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, que reúne entidades sindicais, partidos de esquerda e movimentos sociais, protestarão neste sábado (6) em todo país. A campanha #VoltaAuxílioEmergencial lembra que, em janeiro, 14,2 milhões de famílias pobres puderam contar com apenas R$ 190 por mês do Bolsa Família para sobreviver.

Fome e desemprego na pandemia

“O Brasil voltou para o Mapa da Fome”, lembram os organizadores. “E, com o fim do auxílio emergencial mais 17 milhões de brasileiros podem ser jogados para abaixo da linha da pobreza”, afirmam. O Brasil soma o trágico número de 14 milhões de desempregados. E que cresce a cada dia desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República.

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“Pessoas sem renda, sem garantia, sem proteção, têm condições de permanecer dentro de suas casas aguardando a vacina em um calendário tão prolongado?”, questionam as frentes, lembrando o trágico número de mortes pela covid-19, no Brasil. “Não só para a saúde, mas para a economia: não há volta para as atividades sem vacinação e isolamento sem auxílio.” Na Amazônia, destacam, a pandemia tem sido ainda mais mortal. “A região Norte detinha quase 1/4 do total dos pagamentos do auxílio emergencial.”

Os organizadores reforçam o impacto positivo dos R$ 600 na massa de rendimentos das famílias. “Transformada em consumo, foi capaz de sustentar mais de 2% do PIB em 2020. Ajudou as receitas fiscais de municípios, estados e da União e Previdência Social.”

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Auxílio contra o caos

Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), o fim do auxílio emergencial pode levar mais 3,4 milhões de brasileiros para a extrema pobreza. Assim, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, destaca que as pessoas voltaram a pedir esmolas nos faróis, nas portas dos supermercados, farmácias. “E se acabar o benefício vão começar a entrar nos supermercados para comer e o caos pode se instalar no país e a gente não quer isso.”

A secretária-geral da central, Carmen Foro, faz coro. “As únicas pautas aceitáveis neste momento são as que priorizarem a defesa da vida e dos empregos e a volta do auxílio emergencial de R$ 600 e de R$ 1,2 mil para mães solo – até o fim da pandemia.”

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) também apoia a luta. “A fome não deixa ninguém aprender. A CNTE vai apoiar os atos do Dia Nacional de Solidariedade e pela Manutenção do Auxílio Emergencial neste sábado, 6 de fevereiro.”