Paralisação nacional

Caminhoneiros cogitam greve para 1º de fevereiro: "Categoria está na UTI", diz líder

Wallace Landim, o Chorão, fala sobre decepção com Bolsonaro: “Fiz campanha para ele; hoje eu não faria"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Em 2018, Brasil viveu a maior greve de caminhoneiros da sua história
Em 2018, Brasil viveu a maior greve de caminhoneiros da sua história - Agência Brasil

O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirmou ao Brasil de Fato que uma nova greve dos condutores — similar à de 2018 — é possível nas próximas semanas. A articulação é para que a paralisação ocorra em 1º de fevereiro, como vem sendo noticiado pela imprensa desde o início do ano.

“Estou levantando para ver a adesão. Clima tem, a categoria está no limite e teremos mais um aumento de combustível agora”, explicou Chorão.

Segundo a liderança, a categoria está insatisfeita com o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). “Estamos sangrando. Agora, está pior que em 2018, a categoria está na UTI”, alerta Chorão.

Para ele, o presidente traiu a categoria. “Eu sou uma pessoa que vestiu a camisa dele [Bolsonaro], apoiei ele e fiz campanha para ele. Hoje, eu não faria”, afirma Chorão. “Se ele tiver um pouco de respeito por uma categoria que trabalhou de graça para ele, do Oiapoque ao Chuí, colocando adesivo em toda traseira de caminhão, vai nos receber”, conclui.

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Greve de 2018

A greve dos caminhoneiros de 2018 parou o país. Durante dez dias, a categoria travou as principais rodovias brasileiras e interrompeu o fluxo de mercadorias no território nacional. A paralisação enfraqueceu o governo do presidente Michel Temer (DEM) e deu fôlego à campanha do então candidato Jair Bolsonaro, que teve o apoio dos condutores.

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A medida derradeira para a insatisfação é o Projeto de Lei 4199/2020, chamado de BR do Mar, que favorecerá o transporte de carga por navios, e que foi elaborado pelo Ministério da Infraestrutura. A matéria foi aprovada na Câmara dos Deputados e está na agenda do Senado para ser votada em 2021.

“Esse projeto favorecerá os grandes empresários e acabará com a categoria, não tem como o transportador autônomo sobreviver”, alerta Chorão, que se recusa a dialogar com o Ministério da Infraestrutura.

“Eu não converso mais com o ministro Tarcísio [Gomes Freitas], já conversei muito com ele. Eu só converso com o presidente Bolsonaro agora. Foram desleais com a categoria. Eu sempre venho falando o seguinte: ‘Presidente Jair Bolsonaro, ouça a categoria, nós somos o Brasil’”, encerrou.

Isenção para importação de pneus

O governo esperava que a isenção para importação de pneus, publicada no Diário Oficial nesta quinta-feira (21), fosse bem recebida pela categoria. “Que transportador autônomo compra pneu lá fora? Isso é para favorecer os amigos dele, como o dono da Havan. Isso não cola”, respondeu Chorão.

Edição: Camila Maciel