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Ano Novo sim, mas com os mesmos problemas e Fora Bolsonaro

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Bolsonaro pretende acabar com uma ajuda emergencial em um quadro de avanço da covid-19 - Agência Brasil
Falta oxigênio em Manaus, faltam profissionais

Estamos de volta aqui à nossa coluna no Brasil de Fato. Primeiro queria dizer da alegria de contribuir com este importante meio de comunicação que, com muitas dificuldades, resiste. 

Resiste não apenas para levar a boa informação à população brasileira, para muita gente espalhada pelo mundo, mas resiste porque entende a importância da conscientização no processo de organização e de luta da população contra as injustiças e por uma sociedade, por um mundo melhor. 

É uma alegria estar de volta. 

A alegria, porém, só não é maior porque, lamentavelmente, iniciamos o ano de 2021 enfrentando uma situação ainda pior do que a enfrentada no ano de 2020, em todos os aspectos. Bolsonaro continua com a sua insanidade, lutando contra a vacina e, portanto, lutando contra as pessoas. A sua política econômica segue o trilho de piorar a situação econômica melhorando a situação dos ricos, dos poderosos e dos já favorecidos. 

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Além de tudo eles têm trazido uma instabilidade sem precedentes ao nosso país. O que a gente vêm assistindo na área econômica são empresas e segmentos dos setores produtivos de transformação deixando ou anunciando que deixarão o Brasil. São várias indústrias de presença secular no Brasil que anunciam a sua saída. 

Há pouco tempo assistimos com muita tristeza, nós principalmente que somos do Amazonas, a saída da Sony, uma empresa japonesa importante que desde o início atuava na Zona Franca de Manaus. Agora, o Brasil estarrecido e de surpresa tomou conhecimento da decisão da Ford, empresa mobilística norteamericana, de fechar todas as suas plantas fabris, deixar o Brasil e continuar o seu processo produtivo na Argentina e no Uruguai. Isso tudo só piora uma situação já extremamente delicada da nossa gente e do nosso povo. 

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Por outro lado, Bolsonaro até agora não acenou com a prorrogação do Auxílio Emergencial, que de R$600,00 já baixou para R$300,00 e que ele pretende acabar. Bolsonaro pretende acabar com uma ajuda emergencial em um quadro de avanço da covid-19. 

E sobre isso quero dizer que vivemos um momento extremamente delicado. Assim como aconteceu em 2020, foi no estado do Amazonas, em Manaus, o epicentro da crise. Hoje, lamentavelmente voltamos a assistir e a conviver no mesmo cenário. E eu diria, como alguém que é do Amazonas, que a situação hoje é pior do que foi em 2020. Porque o governo do estado e os governos locais, do município de Manaus, já enfrentaram este problema, portanto deveriam estar preparados para enfrentar melhor essa situação e atender melhor a população. Mas pelo contrário, tudo está pior. 

Desde outubro do ano passado os pesquisadores, cientistas, profissionais da área da saúde vêm alertando o governo do estado para uma nova onda de covid e orientando o endurecimento nas medidas de isolamento e melhorias para o atendimento na rede pública de saúde. Mas o governo aqui não fez nada. A não ser, nas vésperas do Natal, anunciar que faria um lockdown, que voltou atrás imediatamente por conta da "pressão popular" e Manaus continuou a viver como se nada estivesse acontecendo. 

Mas naquele momento em que ele anunciou o lockdown e voltou atrás, nenhuma medida na área da saúde foi anunciada. Os hospitais de campanha, todos fechados, continuaram fechados e o governo não lançou nenhuma palavra sobre a sua reabertura. O que faz com que, hoje, pessoas em Manaus estejam perdendo a vida porque não tem vaga na UTI, não tem vaga no hospital. As pessoas morrem em casa, pessoas morrem nas unidades de pronto atendimento, sem oxigênio. Falta oxigênio em Manaus, faltam profissionais.

As unidades de saúde estão pedindo tudo de pacientes pobres. Pacientes que mal conseguem colocar comida na mesa se vêem diante da necessidade de contratar profissionais, porque as unidades não têm profissionais suficientes, assim como se vêem diante da necessidade de comprar medicamentos, e equipamentos. Máscaras de respiração estão sendo solicitadas aos pacientes. Ou seja, é um crime contra as pessoas. E um crime, cujos criminosos sabemos quem são. Ou seja, Jair Bolsonaro e, no caso do Amazonas, o governador do estado. 

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Enquanto isso, o Ministério da Saúde, ao invés de ajudar o Amazonas, enviou uma secretária do Ministério, cuja providência que está tomando é pedir que sejam prescritos medicamentos que não tem nenhuma comprovação que ajudam no tratamento da covid-19. Ela quer que os profissionais de saúde de Manaus prescrevam em larga escala a Cloroquina e assim acha que vai resolver os problemas da saúde. 

Ou seja, mais do que nunca iniciamos o ano e com ele devemos renovar com muitas forças a nossa luta pelo impeachment de Bolsonaro, pelo Fora Bolsonaro. Fora esses governantes que não têm apreço algum pela vida humana. Para isso nós precisamos fortalecer uma ampla frente, uma frente pela vida, pelo Brasil, pelos empregos, uma frente Fora Bolsonaro. 

Edição: Rogério Jordão