A organização não-governamental (ONG) Repórter Brasil está sendo alvo de uma série de ataques nos últimos dias que conseguiram retirar seu site (reporterbrasil.org.br) do ar. Os invasores ameaçam continuar a ação criminosa caso reportagens não sejam apagadas.
A situação não é apenas um flagrante desrespeito à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, mas também possível crime de constrangimento ilegal, previsto no artigo 146 do Código Penal.
Após uma série de ataques conseguir derrubar o site por algumas horas no dia 6 de janeiro, a organização recebeu um e-mail anônimo: “Como devem ter percebido vcs passaram por alguns problemas tecnicos na ultima data. Para que isso nao ocorra novamente removam as materias nas pastas de 2003, 2004, 2005 (sic)”.
Como a Repórter Brasil não atendeu, nem atenderá nenhuma tentativa de constrangimento ilegal, ainda mais uma que represente autocensura, os ataques continuaram.
Na manhã de quinta (7), a sede da Repórter Brasil passou por uma tentativa de invasão física. Por conta da chegada de vizinhos, o arrombamento do portão não pode ser consumado, mas ele terá que passar por reparos. A segurança foi reforçada.
Na sexta (8), os criminosos deram um ultimato: “vamos esperar até 11/01 para que atendam nossas solicitações…” E, nesta segunda (11), os ataques voltaram com força, mantendo o site fora do ar por algumas horas.
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A Repórter Brasil é constantemente assediada por descontentes que exigem que reportagens sejam retiradas do ar. Não é possível afirmar se um deles está por trás dos ataques ou se o objetivo é manter o portal inacessível, o que deverá ser objeto de detida apuração pelas autoridades responsáveis.
A equipe de segurança digital da Repórter Brasil tem conseguido neutralizar a ação, mas a estratégia dos agressores muda, o que gera instabilidade no acesso.
Com a ajuda de advogados foram realizados boletins de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo. O Ministério Público Federal também foi acionado, entre outras instituições competentes, enquanto a ONG acompanha de perto o desenrolar das investigações.
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O jornalismo da organização, que completa 20 anos em 2021, é reconhecido e premiado internacionalmente pela cobertura de crimes ambientais e de violações aos direitos humanos.
No dia 4 de janeiro, por exemplo, a organização publicou investigação jornalística sobre a cadeia produtiva do trabalho análogo à escravidão na pecuária bovina, que teve grande repercussão fora do país.
A ONG disse considerar que os ataques "são a prova da qualidade de nosso jornalismo, por outro são um alerta a outros veículos de um novo tipo de assédio: a censura através de violência digital".