O decreto que voltou a fechar o comércio não essencial em Belo Horizonte entrou em vigor nesta segunda (11).
Devido ao grande número de infectados, a cidade retorna à “Fase de Controle”, em que ficam proibidos cerca de dez grupos de atividades econômicas e de lazer que vinham sendo autorizadas gradativamente desde 6 de agosto de 2020.
Para apoiar a iniciativa da Prefeitura, mais de 30 entidades lançaram uma carta aberta.
Os assinantes da carta vão desde o Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais (APUBH) até a União Nacional dos Estudantes (UNE).
O que diz a carta
“Sabemos os custos e os prejuízos sociais e econômicos da retomada do distanciamento social no grau mais restritivo que vivemos durante a pandemia. Porém, os dados concretos demonstram a necessidade imperativa de se evitar uma catástrofe ainda maior”, diz a carta.
O documento ressalta ainda uma informação do Grupo Colaborativo de Coordenadores de UTIs de Belo Horizonte: “Um paciente crítico com COVID que não encontra uma vaga de UTI tem 3 a 4 vezes mais chances de morrer”. Segundo as entidades, os 90 leitos de UTI ainda vagos no Sistema Único de Saúde (SUS) são “pouco para atravessar os próximos meses”.
O documento finaliza cobrando que a Prefeitura de Belo Horizonte torne público, quanto antes possível, o “cronograma de vacinação da população belo-horizontina e cobre do governo estadual um posicionamento semelhante”.
Leia a carta na íntegra:
Carta Aberta à Prefeitura de Belo Horizonte
Tornamos público nosso apoio às medidas estabelecidas pelo decreto municipal nº 17.523, da Prefeitura de Belo Horizonte, orientada pelo Comitê de Enfrentamento COVID-19. Esse decreto vem em resposta ao aumento vertiginoso dos casos de infecção, transmissão, internações e óbitos causados pela pandemia da COVID-19, considerando principalmente os índices de ocupação dos leitos de UTI disponíveis na Capital.
Estabeleceu-se o retorno à fase zero, do início da quarentena em meados de março de 2020, em que podem funcionar apenas serviços considerados essenciais. A medida vem no intuito de diminuir as possibilidades de aglomeração e consequente alastramento da doença. Apenas em Belo Horizonte, no dia 08 de janeiro, são 66.916 casos confirmados da doença, sendo que, no dia 07, foram diagnosticadas mais 1.068 pessoas infectadas com a COVID-19. Em escala nacional, são 7.961.673 casos da doença, sendo que foram novos 87.843 casos no dia 07. O Brasil é o segundo país em número de vidas ceifadas, atrás apenas dos Estados Unidos, e o terceiro em número de infecções, nesse quesito atrás também da Índia.
Assim, a medida da PBH é estritamente necessária. Em relação aos leitos de UTI, a taxa de ocupação em Belo Horizonte bateu o índice de 85,1% no dia 08 de janeiro. Conforme Nota do Grupo Colaborativo de Coordenadores de UTIs de Belo Horizonte, “um paciente crítico com COVID que não encontra uma vaga de UTI tem 3 a 4 vezes mais chances de morrer e os 90 leitos de UTI que ainda temos é muito pouco para o que precisamos para atravessar os próximos meses.
Os outros leitos de UTI de paciente com doenças cardíacas, neurológicas, pulmonares, cirúrgicas, oncológicas, infecciosas, trauma, etc. também estão lotados e não temos mais leitos para remanejar”.
Sabemos também que nos hospitais ainda não chegaram todos os pacientes com casos mais graves da doença, que a contraíram no período de festas de fim de ano, uma vez que a infecção demora cerca de 5 dias para se manifestar e entre 10 e 12 dias para alcançar um nível de gravidade que demande internação em UTI.
A medida, em nível municipal, vem na contracorrente das políticas em nível nacional, em que a necropolítica do governo Bolsonaro insiste em menosprezar os efeitos da pandemia e os próprios alarmantes dados de número de óbitos e de infectados pelo COVID-19. Justamente por essa política de negação da ciência, vivemos um momento em que diversos países do mundo começam a vacinar os seus cidadãos e no Brasil ainda não se tem certeza nem se possuiremos o número de seringas e agulhas para vacinar toda a população.
Porém, a despeito da necropolítica de Bolsonaro, a CORONONAVAC, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa SINOVAC, demonstrou eficácia de 78% de eficácia contra a OVID-19 e eficácia total contra casos graves e moderados da doença, que necessitam de internação, segundo dados apresentados pelo Instituto. Ainda no dia 7 de janeiro, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 100 milhões de doses da vacina, que se juntam a mais 2 milhões de doses compradas da vacina produzida pela AstraZeneca e Universidade de Oxford, em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ), com previsão de início de vacinação ainda em janeiro.
Sabemos os custos e os prejuízos sociais e econômicos da retomada do distanciamento social no grau mais restritivo que vivemos durante a pandemia. Porém, os dados concretos demonstram a necessidade imperativa de se evitar uma catástrofe ainda maior do que a que estamos vivendo. Ademais, a perspectiva de início de vacinação já se apresenta em um horizonte próximo.
Precisamos cerrar fileiras para combater a doença e, neste momento, isso significa retomar o distanciamento social com responsabilidade, evitar ao máximo as aglomerações e tomar as medidas de proteção individual, com o uso contínuo dos EPIs.
Apoiamos o decreto e cobramos da PBH que torne público o cronograma de vacinação da população belo-horizontina e que cobre do governo estadual um posicionamento semelhante.
Está acabando. Façamos a nossa parte. Cuide-se! Cuide dos seus! Cuidemos uns dos outros!
Paz, saúde e vacina.
Assinam:
APUBH – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e
Campus Ouro Branco/UFSJ - Gestão Travessias na Luta – 2020/2022
ABJD/MG - Associação Brasileira de Juristas pela Democracia/Minas Gerais
ABMMD/MG - Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela Democracia/ Minas Gerais
AMES-BH - Associação Metropolitana dos Estudantes Secundarista da Grande Belo Horizonte
AMIE- Associação Mineira de Inspetores Escolares
AMPLIE - Aliança de Mães pela Liberdade de Ensinar
APG - Associação de Pós-Graduandos e Pós-Graduandas da UFMG
Coletivo Esperançar Educação
CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CUT MG – Central Única dos Trabalhadores/ MG
DCE - Diretório Central dos Estudantes da UFMG
FEPEMG – Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais
FITEE - Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino
FOMEJA - Fórum Mineiro de Educação de Jovens e Adultos de Minas Gerais
Frente pela Educação Democrática MG
ISEM - Instituto Sergio Miranda
OSBCR - Observatório Sindical Brasileiro Clodesmidt Riani
OAP - Organização dos Aposentados e Pensionistas da UFMG
SBPC/MG - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SINAD-MG - Sindicato dos Advogados no Estado de Minas Gerais
SINASEFE- IFMG - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica - Seção Sindical IFMG
SINDADOS/MG - Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado de Minas Gerais
SINDIELETRO - Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais
SINDIFES - Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino
SINDIPETRO/MG - Sindicato dos Petroleiros - Minas Gerais
SINPRO - Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais
SINTECT-MG - Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios de Minas Gerais
Sind-UTE/MG- Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação e Minas Gerais
UCMG - União Colegial de Minas Gerais
UNCME/MG – União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação de Minas Gerais
UNE - União Nacional dos Estudantes
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Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Rafaella Dotta e Camila Maciel