O Estado Plurinacional da Bolívia anunciou que retomou o projeto de criação do Instituto Ibero-Americano de Línguas Indígenas. A iniciativa foi interrompida durante um ano após o golpe de Estado no país e o sucessivo governo da autoproclamada presidenta Jeanine Añez.
A criação do Instituto faz parte do Plano de Ação Global da Década Internacional das Línguas Indígenas, promovido pela UNESCO. A proposta do organismo internacional enfatiza uso das línguas nativas como um direito vital para os povos indígenas do mundo, fazendo um chamado para que os governos tomem medidas para favorecer sua sobrevivência.
Ao anunciar a continuidade do projeto, na última segunda-feira (04), a deputada Martha Ruiz reafirmou o compromisso do país andino de participar ativamente do desenvolvimento e implementação do Plano Nacional e Internacional para a criação do Instituto Ibero-Americano de Línguas Indígenas.
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“A fim de retomar as atividades do Ano Internacional das Línguas Indígenas e levar adiante Plano de Ação Global da Década Internacional, paralisados durante o governo transitório [de Jeanine Áñez], (...) devemos apoiar e buscar alianças estratégicas nos Parlamentos internacionais, no Parlamento Andino, Latino-Americano, Amazônico, Indígena, no Mercosul, para alcançar os objetivos estabelecidos pelo Estado boliviano”, disse Ruiz.
A Bolívia foi uma das principais promotoras do Ano Internacional das Línguas Indígenas, celebrado em 2019 pela UNESCO com o objetivo de preservar, revitalizar e promover as línguas indígenas nacional e internacionalmente, através da colaboração dos governos de cada país.
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O país andino lidera a defesa e reivindicação dos povos e culturas indígenas em seu território e no mundo. Desde sua chegada ao poder, em 2006, Morales, primeiro presidente indígena do país, promoveu uma mudança constitucional que refundou a Bolívia como um Estado Plurinacional, trabalhando em diferentes políticas de inclusão e reconhecimento dos povos originários, indígenas e camponeses.
Desde 2009, o país reconhece como línguas oficiais, além do espanhol, "todos os idiomas das nações e povos indígenas originários campesinos", totalizando 36 idiomas nativos. E, em 2019, o governo de Evo Morales chegou a criar um aplicativo de celular que promove o aprendizado nas cinco línguas mais faladas no território boliviano: aimará, guarani, moxo, quechua e uru.
*Com informações do Nodal.
Edição: Luiza Mançano