Os feriados de Natal e Ano Novo estão surtindo resultados preocupantes no estado de Minas Gerais. Os primeiros dias de janeiro mostram um recorde no registro de pessoas contaminadas pelo coronavírus. De acordo com os últimos boletins epidemiológicos do governo de Minas, mais de 28 mil pessoas testaram positivo para covid-19 desde 1º de janeiro.
O reflexo final das festas pode estar ainda por chegar. Médicos e pesquisadores estimam que o período de incubação da doença varia de 1 a 14 dias. Assim, o resultado definitivo do período de Natal e Ano Novo deve aparecer até o dia 14 de janeiro.
Viagens e aglomerações
O infectologista Dirceu Grecco, professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, analisa os números como parte da primeira onda, resultado da liberação de setores não essenciais quando a pandemia ainda não estava controlada. O período de festas, aliado ao relaxamento dos cuidados, são, para ele, o principal motivo do aumento.
Entre 18 de dezembro e 4 de janeiro, estima-se que 320 mil passageiros embarcaram ou desembarcaram na rodoviária de Belo Horizonte, capital do estado. “Tem vários problemas. Quando sai de casa, a maior parte das pessoas pega um ônibus – lugar fechado que quanto mais tempo fica, mais risco de ser contaminado. Chega à rodoviária e tem fila para comprar passagem. Tem o tempo dentro do ônibus até outra cidade, a festa que a pessoa participou e a volta. São muitos pontos de risco”, avalia o pesquisador.
Recorde em dezembro
O mês de dezembro já estava sendo marcado por uma alta no número de casos confirmados no estado. Em novembro, 58 mil pessoas registraram como positivo para coronavírus, enquanto dezembro fechou com 126 mil casos confirmados, sendo os dias 29, 30 e 31 de janeiro muito mais altos em relação à porcentagem de óbitos.
Os primeiros dias de janeiro são ainda mais preocupantes. A média dos primeiros dias de 2021 ficou em 4.102 casos confirmados por dia. Acima da média de dezembro, que chegou a 4.083 casos por dia - os números mais altos desde o início da pandemia em Minas Gerais.
Governo de Minas dá poucas informações
Em coletiva de imprensa realizada na terça-feira (5), o secretário adjunto de Saúde de Minas Gerais, Marcelo Cabral, informou que o estado comprou 50 milhões de seringas, sendo que 19 milhões já chegaram e serão distribuídas aos municípios a partir desta semana. O secretário não mencionou se o governo está em trâmites de compra de vacinas.
Em todo o estado, a taxa de ocupação de leitos de UTI em geral está em 68%, e leitos de enfermaria geral em 62%. Os leitos de UTI exclusivos para covid estão 30% ocupados e os leitos de enfermaria de covid estão 10% ocupados, ainda segundo Marcelo Cabral.
Na capital, somente serviços essenciais
Já Belo Horizonte, que apresentava uma taxa de ocupação de 86% dos leitos de UTI para covid na quarta (6), alerta vermelho, deve fechar seu comércio novamente. Em suas redes sociais, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) informou que a prefeitura decretará o fechamento do comércio não essencial a partir de segunda (11).
O que fazer?
O infectologista Dirceu Grecco reforça que não é momento de apontar culpados, mas do poder público oferecer suporte a essas pessoas. E analisa que é preciso que a população aumente a pressão sobre o governo federal, para que a vacinação seja feita de forma igualitária por todo o país, sem privilegiar regiões ou quem pode comprar, como está se desenhando.
“Nós vamos ter que confiar no Programa Nacional de Imunização como ponto central. Sim, os governadores vão ter que participar desse processo de pressão. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, tem muito mais condição de pressionar do que o pessoal que está no Acre, por exemplo”, diz Dirceu Grecco. “O nosso mote é ‘vacina para todos e todas’ e ‘o Brasil precisa do SUS’”, finaliza.
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Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Rafaella Dotta e Camila Maciel