Que em breve a gente se reencontre, vivas e vivos, para sambar e para lutar!
O ano de 2020 ficará marcado como um "sacode" na história da humanidade. Difícil, com muitas perdas de vidas, barbárie naturalizada.
Muitas vidas que poderiam ter sido salvas, se não fosse a total negligência do governo Bolsonaro e de vários governos estaduais e municipais com o povo brasileiro empobrecido.
A desigualdade – e as injustiças que brotam dela – foram escancaradas. Só não viu quem não quis, e só não sentiu quem já está anestesiado. Mas a maioria do povo trabalhador deste país, que sabe o que é lutar cotidianamente para botar comida em casa – e se manter vivo – viu e reagiu.
Reagiu se juntando com os cuidados devidos; dividiu o que tinha, tentou curas feridas, afagar a dor, se consolar com os iguais. É o que chamamos solidariedade, que para nós é um ato político.
Como agradecimento a quem, nesse ano de 2020, de alguma maneira praticou o verbo esperançar, dedicamos este samba, construído pelo Coletivo de Comunicação, Cultura e Juventude do MST/SP.
Bom final de ano a todas e todos.
Que em breve a gente se reencontre, vivas e vivos, para sambar e para lutar!
A coisa mais singela
Minha vó me chamou
pra ver a coisa mais singela
ter um tanto de coragem
plantar, colher
e encher panela
nesses tempos de dureza
a ignorância doentia
machucou as nossas asas
tanto mais que a pandemia
quase feito borboleta
que de dia voa baixo
um remendo na feiura
do trabalho onde me encaixo
meu motivo não é dor,
entre a roça e a cidade
quem viu a cara da fome
sabe o gosto da saudade
dividir o que tem
não tá fácil pra ninguém
mas criança não pode morrer
nossa força
é semente de esperança, um vai e vem
- nós vamos entrar, segura esse trem!
Edição: Rodrigo Chagas