Após anunciar, na última quinta-feira (17), o encerramento das atividades de uma fábrica de automóveis em Iracemápolis (SP), a montadora alemã Mercedes Benz abriu negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira, Rio Claro e Região, que convocou assembleia para a próxima semana. A empresa deu férias coletivas aos 370 trabalhadores.
Um dos motivos do fechamento da unidade é a alta do dólar. Em março de 2018, apenas dois anos após a inauguração, a linha de montagem operava com 35% da capacidade total, devido à desvalorização da moeda brasileira. Com a pandemia, a situação se agravou, inviabilizando a continuidade dos negócios, segundo a empresa.
Menos de 40% dos componentes dos carros são fabricadas no Brasil. A alta cotação do dólar encarece a importação dessas peças de fora do país. A moeda estadunidense, que em janeiro valia R$ 4,15, desde abril é vendida acima de R$ 5,00.
A valorização do real era uma das promessas de campanha de Jair Bolsonaro (sem partido), em 2018. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que analisou o desempenho de 30 moedas de diferentes países em 2020, a brasileira foi a que mais desvalorizou.
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Outro argumento usado pela empresa é a necessidade de inovação, em um contexto em que veículos híbridos e elétricos passam a ser prioridade. “A Mercedes-Benz AG está trabalhando rumo ao futuro da mobilidade neutra em CO2 e investindo na transformação da companhia, com foco na eletrificação e digitalização de seus veículos. Isso inclui a otimização de sua rede global de produção”, diz nota divulgada pela companhia.
A Mercedes Benz responde por 8,4% do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) arrecadado por Iracemápolis em 2020 e é a segunda maior empregadora do município. Em 2016, a promessa era gerar até 3 mil empregos indiretos na região, o que jamais se concretizou. A estimativa de produzir 20 mil automóveis, da mesma forma, nunca foi cumprida.
O sindicato afirma que foi pego de surpresa pela notícia do fechamento e informou que a maior parte dos trabalhadores vive na cidade vizinha de Limeira.
Edição: Rogério Jordão