O Museu da Maré, localizado em um dos maiores conjuntos de favelas na zona Norte do Rio de Janeiro, virou tema de livro. A publicação “A Maré em 12 tempos” é inspirada na exposição permanente homônima do museu que representa os tempos de construção da favela. O lançamento do livro acontece nesta quarta-feira (9) na programação da Feira do Conhecimento Digital - Iniciativas em Cooperação Social da Fiocruz e Museologia Social da Maré.
Na publicação, organizada por Antônio Carlos Pinto Vieira, Cláudia Rose Ribeiro da Silva e Luiz Antonio de Oliveira, co-fundadores do museu, a viagem visual pela história da Maré e seu cotidiano é contada a partir de fotos históricas de seu arquivo, produzidas a partir do olhar de fotógrafos engajados na defesa dos direitos humanos e também de textos de moradores, participantes da equipe do museu e convidados.
Os textos de abertura do livro têm depoimentos do ex-ministro da cultura Gilberto Gil, do babalawo e doutor em história, Ivanir dos Santos e do pesquisador e doutor Renato Gama Rosa, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
História
O Museu da Maré foi fundado há quase 15 anos com objetivo de preservar a memória dos moradores do complexo de favelas. O espaço foi criado por um grupo de jovens moradores e integrantes do Centro de Ações Solidárias da Maré (CEASM) para apresentar uma nova experiência de museu voltado para a inclusão cultural e social.
A Maré está localizada entre três importantes vias expressas do Rio, a Avenida Brasil, a Linha Vermelha e a Linha Amarela, e registra o quarto pior índice de desenvolvimento humano (IDH) da cidade. No entanto, o museu não tem por objetivo tratar da favela somente como espaço de pobreza e desigualdade, pelo contrário, foi pensado para fortalecer sua imagem positiva e a auto estima dos seus moradores.
Na exposição permanente “12 tempos”, localizada no saguão central do museu, estão expostos pertences de antigos moradores doados ao museu, fotografias e a reprodução de uma casa de palafita, em tamanho real, em referência às que serviram de moradia para centenas de famílias quando a ocupação da Maré teve início, nos anos 1940.
Atividades
Durante a pandemia, o museu está concentrando suas atividades online. No entanto, em tempos de normalidade, tem programação extensa com projetos de oficinas culturais de hip hop, teatro e capoeira; recepção de públicos variados para visitas à exposição de longa duração e às exposições temporárias; atendimentos a alunos das escolas públicas locais e pesquisadores ligados a diversas instituições; além de projetos de incentivo à leitura, contação de histórias e exposições itinerantes.
Desde a sua inauguração, em 2006, o museu ocupa uma antiga fábrica da indústria naval, cedida em comodato pela empresa proprietária do imóvel, que havia ficado fechado por mais de duas décadas. Durante 13 anos, não houve permissão para que fossem executadas obras necessárias à recuperação dos espaços físicos do imóvel.
Em 2018, o prédio foi finalmente doado ao museu. E, em 2020, por meio de uma campanha de financiamento coletivo chamada “O museu é nosso”, estão sendo arrecadadas doações para a reforma do galpão e a continuidade dos projetos no próximo ano. As doações podem ser feitas em valores que variam de R$ 15 a R$ 1 mil.
Edição: Eduardo Miranda