"Outro caminho"

Petrobras divulga propaganda em defesa da privatização de refinarias; entenda o risco

Na plataforma Youtube, mais de 40 mil espectadores sinalizaram que não gostaram do vídeo, lançado no dia 27

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Privatização das refinarias compõe plano de desinvestimentos da Petrobras anunciado em 2016, ainda no governo Temer - André Motta de Souza/Agência Petrobras

A Petrobras divulgou, no último dia 27, um comercial em que defende a privatização de parte de seus ativos. Na plataforma Youtube, mais de 40 mil espectadores informaram que "não gostaram" do vídeo, enquanto 2,7 mil aprovaram.

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"Construímos tudo isso juntos, com muito trabalho e suor. Mas a Petrobras precisa seguir outro caminho", diz a propaganda. Em seguida, o comercial informa que a estatal pretende concentrar seus ativos na exploração e produção do petróleo em águas profundas, e que venderá "algumas operações" no Brasil e no exterior.

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Dados do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) mostram que, ao focar na exploração e produção, a empresa abre mão de sua operação mais lucrativa: o refino. Cada R$ 1 bilhão investido em exploração e produção gera R$ 1,28 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB) e 26.319 ocupações. Cada R$ 1 bilhão investido em refino implica na geração de R$ 1,27 bilhão no PIB e 32.348 ocupações.

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Desde 2018, o governo já se desfez indiretamente de 16,2% das ações ordinárias (com direito à voto) da Petrobras – a Caixa vendeu R$ 9,6 bilhões e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) R$ 22 bilhões. Com isso, o Estado passou a deter apenas 50,2% da petroleira, o limite para manter seu poder de decisão.

Somente durante a pandemia, o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, colocou 382 ativos à venda, segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP).

Edição: Rodrigo Chagas