2º turno

Eleições no Brasil: quem disputa pela esquerda nas principais capitais?

País volta às urnas neste domingo para eleger prefeitos de 57 cidades, incluindo 18 capitais estaduais

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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O Brasil de Fato preparou um perfil dos candidatos progressistas que disputam voto a voto as eleições nas cidades de São Paulo, Porto Alegre, Recife e Belém; na foto Manuela D´Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) - Divulgação / Equipe Manuela D'Ávila

Mais de 38 milhões de eleitores estão aptos a votar neste domingo (29), pelo segundo turno das eleições municipais, em 57 cidades brasileiras. Ao todo, são 18 capitais estaduais e outras 39 cidades que têm mais de 200 mil eleitores, nas quais nenhum dos dois candidatos agora na disputa obteve a maioria absoluta dos votos válidos (50% + 1) para se eleger em primeiro turno.

As capitais onde a disputa será definida em segundo turno são: Aracaju (SE), Belém (PA), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES). O Brasil possui 95 cidades com mais de 200 mil eleitores, onde o segundo turno é possível. Em 37 delas, os prefeitos foram eleitos no último dia 15 de novembro, já na primeira etapa, por terem obtido a maioria dos votos válidos. 

A única cidade brasileira que ainda não terá decidido seu prefeito depois de domingo é Macapá, capital do Amapá. O município foi prejudicado por um apagão elétrico que durou 22 dias e só deve realizar eleições no dia 6 dezembro, em primeiro turno. O segundo turno, se houver, será no dia 20 de dezembro.

Pela esquerda

No campo da esquerda, a disputa se concentra em grandes capitais do Sul, Sudeste, Norte e Nordeste do país. O Brasil de Fato preparou um perfil dos candidatos progressistas que disputam voto a voto as eleições nas cidades de São Paulo, Porto Alegre, Recife e Belém.

Guilherme Boulos – São Paulo (SP) 

Na maior cidade brasileira, São Paulo, que possui o terceiro maior orçamento do país, atrás apenas da União e do estado de São Paulo, o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, enfrenta o atual prefeito Bruno Covas, do PSDB, que representa a centro-direita. São mais de 8,8 milhões de eleitores e a disputa promete ser acirrada, segundo as últimas pesquisas, que apontam uma diferença de apenas 7%, com Covas registrando a preferência de 47% e Boulos, na faixa de 40% dos votos, como mostrou o Instituto Datafolha na quinta-feira (26).

Leia mais: Boulos e Manuela tendem a fazer mais votos do que indicam as pesquisas, diz analista

Boulos é professor e coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Aos 38 anos, também é um ativista da organização política Frente Povo Sem Medo, e atua no movimento social desde os 15 anos. Em 2018, também pelo PSOL, foi candidato à Presidência da República, obtendo 617 mil votos. No primeiro turno das eleições em São Paulo, chegou a mais de 1 milhão de votos (20,24% dos válidos). 

Entre as principais propostas do candidato de esquerda, está o enfrentamento ao déficit habitacional na capital paulista, que tem cerca de 25 mil pessoas vivendo na rua. Os bairros da periferia e a ampliação da rede de saúde também são prioridades da candidatura. Boulos ainda prevê, se eleito, fazer um choque na área do transporte público, com ampliação de corredores exclusivos para ônibus e de ciclovias. 

Manuela D’Ávila – Porto Alegre (RS)

Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, com cerca de 1,1 milhão de eleitores, a candidata de esquerda Manuela D'Ávila, do PCdoB, enfrenta Sebastião Melo, do MDB, político vinculado às oligarquias tradicionais de poder na cidade. As últimas pesquisas mostram uma disputa acirrada. 

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Jornalista, D’Ávila foi deputada federal com 26 anos e permaneceu no Congresso Nacional por 8 anos. No segundo mandato como deputada, foi eleita como a mulher mais votada da história do Rio Grande do Sul, e teve uma atuação destacada como congressista, em temas como juventude e direitos humanos. Ela também foi deputada estadual no RS. Em 2018, foi candidata a vice-presidente na chapa com Fernando Haddad (PT), que ficou em segundo lugar, com 44% dos votos. Como candidata a prefeita de Porto Alegre, D'Ávila aposta em ampliar a cobertura de agentes e médicos de saúde da família nos bairros, além de prometer a abertura de uma nova maternidade na cidade

Marília Arraes – Recife (PE)


Marília Arraes (PT), deputada federal, foi vereadora por três mandatos: segundo turno entre as esquerdas no Recife  / Ricardo Labastier

Em Recife, capital de Pernambuco, a candidata Marília Arraes, do PT, lidera a disputa com 52% dos votos válidos (quando são excluídos da amostra os votos brancos, nulos e indecisos). Já o deputado federal João Campos (PSB), que é filho do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, aparece com 48%. Os dois estão empatados tecnicamente, de acordo com o Instituto Datafolha, que fez o levantamento. O município possui 1,1 milhão de eleitores que deve ir às urnas neste domingo. 

Marília Arraes é formada em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atualmente está em seu primeiro mandato de deputada federal, mas já foi vereadora do Recife por três mandatos. A deputada iniciou sua vida política no movimento estudantil e de juventude na capital pernambucana. Entre as propostas apresentadas para governar a cidade, Arraes pretende fortalecer a atenção básica em saúde, com garantia de cobertura de 100% da população com equipes de saúde da família e programas específicos para população negra, mulheres e LGBTQI+.

Na educação, destaque para a criação do Programa Florescer, que prevê a construção de creches para atender a 100% da demanda na cidade. No setor de moraria, a candidata aposta no Programa Palafita Zero, que fará a retirada das famílias residentes em palafitas e sua realocação para unidades habitacionais próprias em locais decididos pela comunidade, além do Programa Revitalizar que irá levar mais infraestrutura para as comunidades localizadas em morros. 

Edmilson Rodrigues – Belém (PA)


Edmilson Rodrigues (PSOL) foi prefeito de Belém entre 1997 e 2004; chega na reta final do segundo turno em empate técnico com o bolsonarista Eguchi / Psol/Divulgação

Outra importante disputa pela esquerda neste segundo turno ocorre em Belém, capital do Pará, no extremo norte do país. Na cidade amazônica com cerca de 1 milhão de eleitores, o candidato Edmilson Rodrigues, do PSOL, vai disputar contra o delegado federal Eguchi (Patriota), candidato que representa a extrema-direita. Segundo pesquisa do RealTime Big Data, divulgada nesta quinta-feira (26), ambos aparecem em empate técnico, com Rodrigues liderando com 44% das intenções de votos, e seu adversário apenas dois pontos atrás, com 42% da preferência. Resultado semelhante ao apontado pelo Ibope.

Edmilson Rodrigues foi prefeito de Belém de 1997 a 2004, tendo tido uma das gestões mais bem avaliadas e exitosas da história da cidade. Foi ainda deputado estadual e professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Atualmente, ele está em seu segundo mandato como deputado federal.

Na busca por um terceiro mandato como prefeito da capital paraense, Rodrigues apresentou um plano de governo que prevê gestão democrática e participativa dos recursos públicos, incluindo a criação de plataforma para colaboração ampla. Também aborda temas como políticas urbanas e ambientais, acesso à moradia, atendimento prioritário de famílias chefiadas por mulheres, e políticas de preservação do patrimônio da cidade, que tem mais de 400 anos de história. 

* Com informações da Agência Senado

Edição: Rogério Jordão