Organizações e movimentos sociais ligados ao campo estão redobrando esforços de mobilização em suas bases, frente ao momento de grave estiagem que mais uma vez se abate sobre o Sul do país.
Além de debater os efeitos da seca e as saídas possíveis, tanto no que se refere às perdas já consolidadas, quanto às previsões climáticas que alertam para potenciais impactos ainda mais graves a partir do fenômeno La Niña na Safra 2020/2021, as organizações e movimentos reforçaram a pressão junto às instâncias de governo.
:: Seca prolongada no interior do RS compromete produção em assentamentos do MST::
Dois documentos já foram apresentados ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e ao secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho, bem como à ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O documento encaminhado ao governo federal, subscrito por organizações dos três estados do Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), destaca reivindicações consideradas urgentes, voltadas a pontos como: água para consumo humano e animal; alimentação animal; exportações, renegociação de contratos e estoques; crédito e renegociação de dívidas; cadeia produtiva do leite; readequação do zoneamento agrícola; retomada e implementação na íntegra do projeto de lei 735/20208 (PL Assis Carvalho); e criação de um comitê gestor interestadual.
Leia também: Rodízio de água em Curitiba não tem prazo para acabar, diz empresa de saneamento
Rio Grande do Sul
Já no Rio Grande do Sul, o documento apresentado ao governo do estado reafirma a urgência expressa no início do ano, quando ainda se convivia com os efeitos da estiagem passada, destacando o agravamento das condições por conta a reincidência do fenômeno. Segundo os subscritores, a situação se agrava por conta da insuficiência das medidas adotadas até o momento.
Destacam no documento como pontos emergenciais: água para consumo humano e animal; alimentação animal; mercado institucional de alimentos; e sistematização das perdas. Também destacam como pontos estruturantes: crédito e produção; cadeia produtiva do leite; Sistema de Inspeção Municipal (SIM); Plano Camponês; e formação de um comitê gestor local.
Campo ainda não de recuperou da safra 2019/2020
Ainda sem soluções para os problemas decorrentes da severa estiagem que impactou a safra 2019/2020, com perdas em vários cultivos, especialmente nas lavouras de grãos, produtores - principalmente familiares e camponeses - estão novamente sofrendo com os efeitos da nova intempérie. A estiagem coloca em risco a safra atual, bem como a subsistência das famílias que vivem no campo e a seguridade alimentar até mesmo dos trabalhadores e trabalhadoras urbanos.
Através de documentos conjuntos emitidos, buscam o atendimento a uma pauta de reivindicações voltadas ao combate aos efeitos da estiagem, seguridade de pequenos agricultores e agricultores camponeses, bem como condições para que se possa seguir produzindo alimento para o povo.
Saiba mais: Pequenos agricultores pedem Plano Safra emergencial para garantir abasteciment
“A pouca umidade no solo afeta o plantio da safra de verão. Muitos agricultores que semearam terão de refazer o plantio, pois as chuvas não aconteceram ou ficaram abaixo da média e as previsões são nada animadoras divido ao fenômeno La Niña. Mesmo que chova nos próximos dias, as plantas não vão mais se recuperar a ponto de produzir grãos ou servir de alimento aos animais”, diz o documento.
A exponencial alta nos preços de alguns alimentos e insumos, que dificulta o acesso aos produtos, também foi citada como um agravante.
"Soja e milho puxam a alta dos preços da ração e complementos. Com isso, muitos produtores não conseguem comprar alimento para os seus animais (gado, suínos e aves) e há falta de água devido a estiagem. Ou seja, há uma ausência de regulação nos preços, nos estoques de alimentos e insumos. Ausência de políticas estruturantes que permitam ao agricultor produzir ou se manter no campo e há uma estiagem avassaladora que faz o cenário piorar ainda mais no meio rural”, acrescenta o texto apresentado às duas instâncias de governo.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Rebeca Cavalcante e Marcelo Ferreira