Rio de Janeiro

ECONOMIA IMPACTADA

No Rio, pandemia fechou mais de 18 mil vagas de trabalho em bares e restaurantes

Centro da cidade foi a região mais atingida: cerca de 40% dos estabelecimentos fecharam as portas definitivamente

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Apesar do rápido respiro, o aumento de casos de covid-19 traz à tona a possibilidade do retorno de medidas restritivas de circulação - Arquivo/Agência Brasil

Com hospitais públicos lotados e a taxa de ocupação de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a covid-19 na cidade do Rio de Janeiro atingindo 90%, o sinal de alerta voltou a acender e a preocupar a população, principalmente comerciantes que retornaram às atividades após quatro meses de estabelecimentos fechados.

O setor de bares e restaurantes foi um dos mais impactados pela pandemia. Um levantamento realizado pelo Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), em setembro, aponta que entre as capitais, São Paulo e Rio de Janeiro lideram com o maior número de vagas formais de trabalho fechadas durante o período da pandemia.

Na capital paulista, 39.136 empregos foram encerrados e no Rio foram 18.388. Atualmente, a cidade carioca registra uma gradual retomada do setor, tendo contabilizado, em setembro, pela primeira desde o início da pandemia, a reabertura de 52 vagas de trabalho. 

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Contudo, apesar do rápido respiro, o aumento de casos de covid-19 traz à tona a possibilidade do retorno de medidas restritivas de circulação de pessoas para conter a disseminação do vírus e desafogar o sistema de saúde.

A preocupação com o que pode ocorrer nos próximos meses fez com que o governador em exercício, Claudio Castro (PSC), convocasse uma reunião, na última terça-feira (24), com o setor produtivo do estado do Rio para debater os riscos da segunda onda do Sars-Cov 2 e a importância de não relaxar as medidas de prevenção determinadas pelo governo.  

Para Fernando Blower, presidente do SindRio, que esteve presente no encontro, um novo fechamento seria catastrófico. “Todas as empresas que conseguiram reabrir estão no limite da sua capacidade operacional. No limite de dívida e custos, se vier uma nova onda e a gente tiver que fechar, muita gente vai ser demitida. As empresas não têm fôlego para aguentar um movimento como esse e o impacto social será muito significativo”, diz.

Futuro incerto

De acordo com Blower, a cidade do Rio registra 10 mil estabelecimentos no setor de bares e restaurantes e com a pandemia cerca de 20% fecharam as portas sem possibilidade de retorno. Segundo ele, a situação é mais grave no centro do Rio, onde bares - como a Casa Villarino importante reduto de intelectuais e compositores da Bossa Nova - não resistiram ao efeito da crise encerraram as atividades.

“A gente estima em torno de 40% de fechamentos no centro do Rio por conta da extensão do home office. Já era uma região muito problemática na cidade e com a pandemia e o trabalho remoto ficando por prazo indeterminado, as pessoas pararam de circular”, explica o presidente do SindRio.

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Com um futuro incerto por conta da crise sanitária, bares e restaurantes já amargam as consequências econômicas da pandemia. Em setembro deste ano, o faturamento estimado do setor no estado do Rio foi de R$ 616,5 milhões. O resultado apresenta uma queda de R$ 320,9 milhões na comparação com setembro de 2019.

Nos primeiros nove meses do ano, na comparação com igual período de 2019, o faturamento das empresas do setor recuou 40,9%, ou seja, R$ 3,6 bilhões. O recuo dos números reflete diretamente na empregabilidade para jovens, o setor da gastronomia é o que mais emprega jovens de 18 a 24 anos na cidade do Rio.

Edição: Mariana Pitasse