Democracia

Argentina pede liberdade de jornalista mantido como preso político na Bolívia

Facundo Molares foi detido pelo governo de Jeanine Áñez; com saúde já debilitada, contraiu covid-19 na prisão

Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina |
O Ministério do Exterior da Argentina confirmou que Facundo Molares teve suas algemas retiradas enquanto hospitalizado; ele testou positivo para covid-19. - Divulgação

O ministro do Exterior da Argentina, Felipe Solá, dialogou este fim de semana com o ministro de Justiça da Bolívia, Iván Lima Magne, para solicitar a liberdade do fotojornalista argentino Facundo Molares. Ele foi detido como preso político na Bolívia há mais de um ano, quando viajou ao país para cobrir o golpe de Estado que levou Jeanine Áñez a tomar a presidência. Com a saúde já previamente debilitada por uma insuficiência renal, Molares foi detido no hospital, apontado, sem provas, como guerrilheiro das FARC.

Desde então, a família Molares busca levá-lo de volta à Argentina. Na próxima quinta-feira (26), uma nova audiência tratará o pedido de cessão da prisão preventiva. Recentemente, Molares contraiu covid-19 na prisão, e foi internado novamente na semana passada. Ele foi mantido algemado na maca durante esse período, porém, no mesmo comunicado do ministério de Exterior argentino, foi confirmado que Molares teve as algemas retiradas. Uma foto divulgada nos últimos dias mostra Facundo Molares no hospital, com as mãos livres.


Manifestações em diversas províncias argentinas exigem a liberdade do jornalista, convocado pelo grupo Solidaridad con Facundo Molares / Facebook Solidaridad con Facundo Molares

Solá comunicou ao ministro boliviano que não há motivos para a detenção de Molares, e afirmou que "há denegação da Justiça". "O outro governo, ao qual a Argentina não reconheceu, tornou-o preso político, aduzindo antecedentes, porém, sem nenhuma prova de ação ilegal na Bolívia", comunicou Solá ao ministro de Justiça.

O ministro de Justiça boliviano comunicou que pedirá a revisão do caso de Molares pelos tratos cruéis e degradantes que recebeu durante os conflitos políticos e sociais de 2019, durante a gestão de Áñez. "Li a acusação da Fiscalia de 43 páginas e peço ao Fiscal Geral que revise a acusação. Não encontro um elemento sequer ou prova para acusar penalmente a este cidadão", anunciou o ministro Magne.

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Detido em novembro de 2019, Molares foi transferido diversas vezes a hospitais e diferentes prisões em condições adversas considerando seu delicado estado de saúde e complicações respiratórias. Em Chonchocoro a situação se agravou, sendo um presídio localizado a cerca de 3.800 metros de altitude.

Nesta terça-feira (24), concentrações em diversas províncias argentinas se manifestaram exigindo a liberdade de Molares. Em Buenos Aires, organizações sociais protestaram em frente à embaixada da Bolívia, na capital federal.

Hugo Molares, pai de Facundo, revelou sua frustração ao não ter uma resposta à situação de seu filho com o retorno da democracia na Bolívia, com a eleição de Luis Arce, em 18 de outubro. "Isso deve ser prioritário, não pode ser mais postergado. E vai servir para os presos nas mesmas condições que ele", disse, em conferência de imprensa, mencionando os cerca de mil presos políticos na Bolívia, fruto do governo de Áñez. "Não é tolerável que isso aconteça em uma democracia. Facundo era refém político da ditadura, agora é preso político na democracia", concluiu.

Com informações de Resumen Latinoamericano

Edição: Rogério Jordão