Crise

Congresso escolhe Francisco Sagasti para assumir presidência do Peru

Decisão vem em meio a crise política após o Congresso aprovar o impeachment do ex-presidente Martín Vizcarra

|
A lista encabeçada por Francisco Sagasti foi aprovada com 97 votos a favor e 26 contrários - Congreso de la República del Perú

O Congresso do Peru elegeu nesta segunda-feira (16) a nova Mesa Diretora do Legislativo encabeçada por Francisco Sagasti e, por sucessão constitucional, ele será o novo presidente do país.

A decisão vem após uma crise política tomar conta do país desde a última terça-feira (10), quando o Congresso aprovou o impeachment do ex-presidente Martín Vizcarra. Após sua destituição, o então chefe do Legislativo, Manuel Merino, assumiu a presidência interinamente. 

Entretanto, o governo de Merino só durou cinco dias, após uma onda de protestos diários tomarem conta do país alegando ilegitimidade no processo e denunciando um "golpe de Estado".

Neste domingo (15), Merino renunciou ao cargo, seguido por toda a Mesa Diretora do Congresso. A vacância da presidência durou toda a noite do domingo até esta segunda, quando o Legislativo escolheu um novo comando e colocou Sagasti na linha de sucessão.

A lista encabeçada por Sagasti foi aprovada com 97 votos a favor e 26 contrários. De centro-direita, Sagasti deve ser empossado nesta terça-feira (17) como presidente do Peru e governará de forma interina até o final previsto para o mandato de Vizcarra, em 28 de julho de 2021. Mirtha Vásquez, que é a segunda candidata na lista vencedora, será a nova chefe do Congresso, e Luis Roel, o vice-presidente do Legislativo.

Eleito deputado federal em março deste ano por Lima, capital do país, Francisco Sagasti tem 76 anos e é formado em Engenharia Industrial. Já ocupou outros cargos administrativos, como chefe da Divisão de Planejamento Estratégico do Banco Mundial.

Na votação que definiu o futuro de Vizcarra, o novo presidente, assim como integrantes de seu partido, votaram contra a moção que destituiu o ex-mandatário por "incapacidade moral". Uma nova Mesa Diretora formada por parlamentares que foram contra o impeachment foi uma das demandas dos milhares de manifestantes que saíram às ruas neste domingo para celebrar a renúncia de Merino.

Crise política

Na última terça, o Congresso peruano votou pelo impeachment de Martín Vizacarra alegando que o mandatário não poderia mais exercer suas funções por "incapacidade moral".

A acusação foi baseada em processos judiciais que o ex-presidente enfrenta por supostos subornos que recebeu durante seu mandato de governador de Moquegua. Vizcarra assumiu a presidência do Peru em 2018, após a destituição de Pedro Pablo Kuczynski, de quem era vice.

Pela linha sucessória, a presidência foi assumida pelo então chefe do Congresso, Manuel Merino, empossado na última quarta-feira (11). Porém, na noite de terça, milhares de peruanos foram às ruas para protestar contra a decisão do Congresso e a posse de Merino.

Os protestos duraram seis noites consecutivas e foram violentamente reprimidos pela polícia peruana. A tensão atingiu seu ápice quando dois jovens foram mortos durante as manifestações da noite do último sábado (14).

No domingo, Merino renunciou e abriu vacância da presidência pela segunda vez na mesma semana. Hora depois de sua renúncia, a Mesa Diretora do Congresso também se demitiu, obrigando o Legislativo a definir um novo comando e, por consequência, o novo presidente do país. A votação foi iniciada ainda na noite de domingo, mas o novo mandatário só foi escolhido na tarde desta segunda-feira.