O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) teve acesso a mensagens de celular trocadas entre Luiza Souza Paes, ex-funcionária fantasma do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), com o pai dela, que era amigo do assessor Fabrício Queiroz.
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Segundo o programa Fantástico do último domingo (8), as primeiras mensagens são de dezembro de 2018, quando começaram a sair as notícias sobre o caso. Veja alguns trechos:
Pai (em dezembro de 2018): "Caraca! Tu viu alguma parte do Jornal Hoje, hoje de tarde? Bateu direto naquele negócio do Queiroz (...) Direto isso, a foto dele estampada na tela do jornal hoje. Agora deu ruim!"
"Contanto que te tire disso e esqueça isso de uma vez e a gente possa viver nossa vida normalmente, ele que invente as histórias dele lá."
Assessora (em maio de 2019): "Já viu as notícias? Quebraram o sigilo bancário de um monte de gente. Provavelmente o meu também."
Pai: "Já vi e já estragou meu dia isso."
Colaboração
O depoimento de Luiza Souza Paes, ex-assessora fantasma do gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos), foi determinante para a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A ex-assessora Luiza Souza Paes tinha 20 anos em 2011, quando começou a trabalhar no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ela é filha de um amigo de Fabrício Queiroz, assessor do deputado que comandava a "rachadinha", esquema em que os funcionários devolviam parte dos salários recebidos.
Segundo o Ministério Público, Luiza trabalhou por oito meses no gabinete de Flávio. Depois, ela foi transferida para outras áreas da Assembleia Legislativa, como a TV Alerj. Luiza repassou para o esquema da "rachadinha" aproximadamente R$ 155 mil durante os cinco anos de trabalho. O salário dela era de R$ 4 mil, mas ela ficava com R$ 800.
A denúncia aponta Flávio Bolsonaro como suposto chefe uma organização criminosa e sustenta que o esquema movimentou R$ 6 milhões durante 11 anos. Queiroz, Luiza e mais 14 pessoas estão entre os alvos da denúncia, que inclui ainda o miliciano Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro deste ano, e que teria feito repasses para Queiroz que chegam a R$ 400 mil. A mãe de Adriano, que trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro, também é investigada.
Segundo o MP-RJ, entre 2010 e 2014, Flávio Bolsonaro e sua esposa, Fernanda, gastaram quase R$ 1 milhão a mais do que receberam. Mas boa parte dos valores não entrava nas contas bancárias do casal para não levantar suspeitas. O Ministério Público destaca que, apesar dos gastos altos, as faturas de cartão de crédito tinham valor médio mensal de R$ 200 e que quase tudo era pago em dinheiro vivo.
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A denúncia pede que Flávio Bolsonaro perca o cargo de senador da República, devolva o apartamento que teria sido comprado com dinheiro ilícito e pague R$ 6,1 milhões pelo dinheiro desviado dos cofres públicos. Entre os crimes que o MP aponta estão lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato (desvio de dinheiro) e as penas podem chegar a 12 anos de prisão.
Edição: Eduardo Miranda