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Prato cheio | Nada de origem animal: saiba mais sobre o veganismo

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Para provar que veganos não vivem só de salada, trago uma receita bem simples e democrática, amada por muitos e presente em muitos almoços de família: o estrogonofe - Divulgação
Veganismo é uma filosofia de vida a favor da libertação e bem-estar de qualquer animal

“Ela (e) não come carne, nem peixe, nem leite, nem manteiga ou queijo. O que eu faço?”. Essa é uma variação da frase “mas come o quê?”. Se essa coluna fosse sobre língua portuguesa eu perguntaria: quem é o sujeito nas duas frases? Se você respondeu que o sujeito é um vegano, você acertou!

Talvez você seja o próprio, ou, talvez seja uma amiga (o) seu, mas em ambos os casos essas frases já devem ter passado pela sua vida em algum momento. Se há alguns anos os veganos estavam em minoria e tinham dificuldade para comer fora de casa, agora esse cenário mudou.

Na pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) de 2018, 14% da população brasileira se declarou vegetariana (cerca de 30 milhões de pessoas). Já segundo estimativa da Sociedade Vegetariana Brasileira, deve haver cerca de 7 milhões de veganos no Brasil.

Acompanhando a demanda, o mercado vegano só cresce. Mas afinal, quem são, o que fazem, o que comem?

Veganismo é uma filosofia de vida a favor da libertação e bem-estar de qualquer animal. Está baseada no conceito de especismo, que nada mais é que a discriminação contra seres não-humanos. Essa discriminação se baseia em uma longa história de preconceitos referentes à gênero e raça, na qual os indivíduos - prioritariamente brancos, homens e héteros - se colocam como superiores às outras condições de vida.

Pode ser que essa definição seja um pouco mais profunda do que você já ouviu, ou do que imaginou, mas a realidade é que o veganismo é um fator muito importante a ser considerado dentro da discussão sobre igualdades e direitos humanos.

Sendo uma filosofia contrária a qualquer prática de violência aos animais, os veganos excluem da sua rotina os produtos que sejam compostos por qualquer substância de origem animal, incluindo as vestimentas (couro, peles, etc.), produtos de limpeza e higiene pessoal (que tenham ingredientes animais e/ou que façam testes em animais) e alimentos (mel, leite, queijos, carnes no geral).

Os produtos ultraprocessados também merecem atenção, já que alguns corantes, emulsificantes, saborizantes e outros componentes, podem ser de origem animal.

Existem muitas outras portas de entrada para o veganismo: religião, saúde, questões ambientais e sociais.

Entre todos esses fatores é impossível negar que a alimentação é um dos pilares mais conhecidos dessa filosofia e, para provar que veganos não vivem só de salada, trago uma receita bem simples e democrática, amada por muitos e presente em muitos almoços de família: o estrogonofe.

ESTROGONOFE DE PALMITO

Ingredientes:

1 xícara (mais ou menos100g) de castanha de caju crua e sem sal;

1/2 vidro de palmito (mais ou menos 150g);

1 tomate médio;

1 cebola pequena;

1 colher de café de noz moscada ralada;

1 colher de chá de mostarda em grão ou 1 colher de sobremesa (rasa) de molho de mostarda amarela (não esqueça de conferir se tem algum ingrediente de origem animal);

Pimenta do reino à gosto;

Sal;

Azeite.

Modo de preparo:

De preferência, deixe a castanha de caju de molho por 4 horas. Isso ajuda a deixar seu molho mais cremoso. Se esquecer ou não der tempo, não tem problema, vai dar certo do mesmo jeito;

No liquidificador, bata a castanha de caju e o tomate inteiro. Vá adicionando águas aos poucos, até virar um creme não muito espesso;

Se você escolher usar a mostarda em grãos, triture um pouco no pilão ou no liquidificador (antes de fazer o creme) e esquente um pouco em uma panela, sem óleo. Quando você começar a sentir o cheirinho de tempero, é sinal que já está no ponto;

Pique a cebola em pedaços pequenos e refogue, na mesma panela da mostarda, com um pouco de azeite, até ela começar a ficar mais transparente. Enquanto refoga, lave os palmitos em água corrente e corte em rodelas médias. Assim que a cebola estiver no ponto, adicione os palmitos e refogue rapidamente;

Despeje o creme de castanha na mesma panela e mexa. Tempere com a noz moscada, pimenta e sal. Se você escolher usar o molho de mostarda amarela, esse é o momento de misturar;

Deixe no fogo apenas o tempo suficiente para incorporar o creme e os sabores. De cinco a 10 minutos já é o suficiente. Se deixar mais tempo, pode ser que o creme fique muito grosso e o palmito se desfaça.

Sirva com aquela combinação tradicional: arroz branco e batata palha.

Edição: Mariana Pitasse