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Registro de armas de fogo em clubes de tiro aumenta 120%

Variação se deu em 18 meses; fórum crê em nova onda armamentista

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Especialista afirma que o Brasil retomou os movimentos de décadas atrás em que os dados da violência acompanharam o aumento de civis armados
Especialista afirma que o Brasil retomou os movimentos de décadas atrás em que os dados da violência acompanharam o aumento de civis armados - Pixabay

O total de armas de fogo registradas em clubes de tiro esportivo, de caçadores e colecionadores, aumentou 120% em um ano e meio, revela o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020.

De mais de 225 mil armas registradas neste tipo de clube, em 2019, esse número ultrapassou os 496 mil em agosto de 2020.

Também cresceu em 65%, entre 2017 e 2019, o total de armas de fogo registradas no sistema da Polícia Federal, passando de cerca de 638 mil armas cadastradas para mais de 1 milhão e 56 mil no intervalo de dois anos.

:: Quem perde e quem ganha com a liberação das armas de fogo no Brasil? ::

O membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ivan Marques, avalia que o país passa por uma nova onda armamentista.

"O Brasil vive novamente por uma corrida armamentista, onde civis buscam uma arma de fogo para ter em sua casa, o que aproxima muito o movimento dos anos 1980 e 1990, onde o Brasil viu o seu ápice de violência armada, com crescimentos ano a ano, até de 7% a 8%".   

Todos os estados registraram aumento no número de registros ativos de armas de fogo. O Distrito Federal teve o aumento mais expressivo, crescendo 538% em dois anos.

A capital federal, em números absolutos, é a unidade da Federação mais armada do país com uma arma para cada 11 pessoas. A Paraíba foi o segundo estado que mais registrou armas nos últimos dois anos, um aumento de 112%.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública chama a atenção para a subutilização dos registros de armas de fogo. Do total de armas apreendidas em 2019 no Brasil, apenas 2% delas estavam registradas.

:: Por que o armamento não é a solução para a segurança pública? ::

O diretor-presidente do Fórum de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, avalia que é preciso aperfeiçoar o controle de armas e munições.

"Com a quantidade de decretos que foram publicados ao longo de 2019, esses mecanismos de rastreamento e controle foram fragilizados e, assim, vão dificultar bastante o trabalho da segurança pública. O debate não é se pode ou não pode ter armas, mas independente disso precisamos controlar e rastrear. 

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020 mostra ainda uma queda de cerca de 6% no número de armas apreendidas pelas polícias nos últimos seis anos.

Enquanto a região Norte quase dobrou o número de apreensões de armas de fogo no período, a região Centro-Oeste viu essas apreensões despencaram de um total de 99 armas apreendidas a cada 100 mil habitantes, em 2016, para 32 armas apreendidas em 2019 para cada grupo de 100 mil habitantes.