A Polícia Federal (PF) pediu acesso a informações obtidas pela CPMI das Fake News, em busca de confirmar a participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na ação de grupos organizados para ataques nas redes sociais e para a disseminação de desinformação. As informações foram publicadas nesta nesta quarta-feira (7) pela coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo.
O pedido é um desdobramento do depoimento prestado pelo deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) à PF. Na semana passada, ele apresentou aos policiais diversos números de IPs de computadores de Brasília e do Rio que teriam sido utilizados na disseminação de notícias falsas.
Segundo Frota, os IPs estão ligados a um e-mail oficial do filho do presidente. Ele afirmou que essas informações foram obtidas na CPMI das Fake News.
A PF, agora, quer confirmar o vínculo desses computadores com Eduardo Bolsonaro. Posteriormente, pretende buscar o conteúdo administrado por essas máquinas. Para, então, poder afirmar se deles partiram ataques contra opositores de Jair Bolsonaro, conforme acusa Frota.
Contudo, a decisão sobre o acesso aos dados solicitados pela PF cabe ao relator da CPMI das Fake News, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), que ainda não se pronunciou. A comissão foi instalada em setembro de 2019. Entretanto, teve seus trabalhos suspensos em função da pandemia.
Histórico
As ligações de Eduardo Bolsonaro com o chamado gabinete do ódio já haviam sido apontadas pela CPMI em março. Quebra de sigilo fornecida pelo Facebook sobre uma das páginas mais ativas do esquema, chamada Bolsofeios, identificou a participação do deputado.
As informações do Facebook dão conta de que a página Bolsofeios no Instagram foi registrada a partir de um telefone do secretário parlamentar de Eduardo, chamado Eduardo Guimarães.
O número do IP do computador utilizado para criar a página foi localizado na Câmara dos Deputados. O e-mail de registro da conta é: “[email protected]”. O endereço eletrônico é registrado oficialmente pela assessoria do filho do presidente na Casa.
Obstrução
Quando a CPMI foi prorrogada, em abril, a deputada Natália Bonavides (PT-RN), também integrante da comissão, relatou que Eduardo e seus aliados trabalharam arduamente para tentar barrar a continuidade dos trabalhos. Posteriormente, o deputado foi até o Supremo Tribunal Federal (STF) pedir a suspensão dos trabalhos da comissão. Seu pedido foi negado pelo ministro Gilmar Mendes.