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Eleições 2020

"Kit gay", machismo e poucas propostas: veja os principais pontos do debate no Rio

O Brasil de Fato separou alguns destaques que foram comentados pelos espectadores nas redes sociais; confira

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Foram 11 participantes, quase três horas de discussão, algumas polêmicas e poucas propostas concretas - Reprodução

Na noite da última quinta-feira (1°) aconteceu o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro, produzido pela TV Bandeirantes. Foram 11 participantes, quase três horas de discussão, algumas polêmicas e poucas propostas concretas para a capital fluminense. O Brasil de Fato separou alguns pontos de destaque que foram mais comentados pelos espectadores nas redes sociais. 

Eduardo Paes (DEM), ex-prefeito e líder nas pesquisas, e o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) foram os principais alvos dos concorrentes. Renata Souza (PSOL), Benedita da Silva (PT) e Martha Rocha (PDT) protagonizaram com eles as principais discussões. 

Ainda participaram do debate, Clarissa Garotinho (PROS), Eduardo Bandeira de Mello (Rede), Fred Luz (Novo), Glória Heloiza (PSC), Luiz Lima (PSL) e Paulo Messina (MDB).

O principal questionamento colocado à Marcelo Crivella pelos seus oponentes foi sobre a saúde pública do município e falta de um enfrentamento efetivo contra a covid-19. Repetindo a estratégia bolsonarista das últimas eleições presidenciais, Crivella desviou a discussão logo no início do debate falando sobre “kit gay” como proposta de Renata Souza e do Psol para o Rio. 

“Se o Psol ganhar a eleição, nossas crianças vão ter uma coisa que tinha em casa, orientação sexual. Vai ter 'kit gay' na escola e vão induzir a liberação das drogas”, disse. 

Na tarde desta sexta-feira (2), a candidata garantiu que vai acionar a Justiça para que o prefeito seja responsabilizado por uso de fake news no debate. "Com mais de 10 mil mortos na cidade, ele gasta o tempo do debate com fake news. Vai ter que se explicar na Justiça”, disse a candidata em nota. 

Nas redes sociais, a avaliação de alguns espectadores foi de que os candidatos não disseram tudo o que deveriam sobre a atual gestão e o candidato. O fato de Crivella ter sido condenado inelegível até 2026 pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por exemplo, nem foi comentado no debate.

 

Já o ex-prefeito, Eduardo Paes, foi questionado por Martha Rocha sobre a dívida do município deixada pela sua gestão. Em resposta, argumentou com ironia que os números apresentados pela candidata não estavam corretos. 

“Estou vendo que a Martha [Rocha] não estudou as contas da prefeitura. Aliás, lê as decisões do Tribunal de Contas do Município e do Poder Judiciário mostrando que nós deixamos recursos em caixa, não sei se vai entender direito o que estou dizendo”, disse. 

Martha respondeu em seguida com frases feitas. “Quero dizer para o candidato que esse jeito debochado e desrespeitoso, esse jeito malandro de ser, o carioca não aguenta mais, não. O carioca quer andar de cabeça erguida. Quero te dizer, candidato, que o teu filme não vale ver de novo”, afirmou.

Nas redes sociais, alguns comentários apontaram que a fala de Paes foi desrespeitoso e machista. 

 

Outro embate direto foi protagonizado por Clarissa Garotinho e Fred Luz. O candidato deu a entender que a deputada estava de "papo furado". 

“O Rio de Janeiro precisa de gestores de qualidade, não de papo furado. Ao se assumir uma prefeitura em qualquer situação que esteja vamos esquecer os culpados, porque os problemas têm que ser resolvidos”, disse.

Já Clarissa Garotinho respondeu, em inesperada reação, que o candidato estava sendo machista e desmerecendo sua história ao vincular com de seus pais, os ex-governadores do estado do Rio, Anthony e Rosinha Garotinho.  

“Fred, você vem com essa casca de partido Novo, mas na verdade você é um machista que gosta de menosprezar a história das mulheres. (...) Só porque eu sou jovem e sou mulher, você acha que eu não tenho direito de construir a minha própria trajetória?”, questionou.

Entre os comentários do público, estavam comemorações e discordâncias com a reação da Clarissa. 

 

Em outra discussão, Crivella provocou Benedita da Silva por sua religiosidade, após ser duramente criticado novamente pela gestão da pandemia. 

“Eu lamento muito que nossa candidata Benedita tenha esquecido os princípios bíblicos, do ‘Não Mentirás’”, provocou.

Em resposta, Benedita defendeu o estado laico e questionou o prefeito por colocar aparelho de tomografia em uma igreja. “Aonde está esse aparelho de tomografia? Onde foi colocado primeiro? Onde a comunidade não tinha acessibilidade porque era um espaço da igreja e isso não podemos fazer. As pessoas deixaram de frequentar. Temos que ter um estado laico, onde nós possamos agir como gestores públicos. E não confundir o púlpito com palanque político”, disse.

Uma das leituras apontada nas redes sociais foi de que Crivella usou de modo covarde as citações bíblicas. 

 

Edição: Jaqueline Deister