Rio de Janeiro

DENÚNCIA

Sem respostas do governo federal, Talíria Petrone recorre à ONU após ameaças de morte

Segundo a parlamentar, a busca pela instituição é um apelo com o objetivo de dar visibilidade internacional ao caso

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Talíria relata que as ameaças de morte começaram em 2016 e se intensificaram após o mandato de deputada federal
Talíria relata que as ameaças de morte começaram em 2016 e se intensificaram após o mandato de deputada federal - Cleia Viana/Câmara dos Deputados

A deputada federal Talíria Petrone (Psol) acionou a Organização das Nações Unidas (ONU) após sofrer novas ameaças de morte. A denúncia foi enviada no último dia 25 de setembro para três relatoras da ONU. Na carta, a parlamentar pede que a instituição cobre explicações do governo brasileiro sobre o seu caso e o assassinato de Marielle Franco, além de solicitar um plano de proteção para mulheres vítimas de violência política no Brasil.

Segundo a deputada explicou ao Brasil de Fato, a busca pela ONU tem o objetivo de dar visibilidade internacional ao caso. Para ela, a intimidação é um ataque direto à democracia e o Estado brasileiro não tem dado respostas diante das ameaças que tem recebido.

"Nós acionamos a ONU porque, principalmente enquanto deputada federal, foram diversas ameaças, sendo que em dois momentos foram ameaças a minha vida. Nós tivemos quaisquer respostas do Estado brasileiro. Assim como o Estado não devolveu para o povo brasileiro uma resposta sobre a execução política de Marielle Franco. Mais de dois anos depois e não sabemos quem mandou matar Marielle", explicou.

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O documento foi endereçado à relatora da ONU sobre execuções sumárias, Agnes Callamard; à relatora sobre racismo, intolerância e xenofobia, E. Tendayi e à relatora de direitos humanos, Mary Lawlor. Na carta, a parlamentar destaca que no ano passado encaminhou uma denúncia à ONU informando o crescimento da violência estatal no Brasil e sobre como “as ameaças dirigidas a ela eram parte deste meio violento”. 

"Isso tudo é parte de um quadro de violência política que avança pelo Brasil e esse é um questionamento que a gente faz também à ONU. Para que se atentem à violência que acomete mulheres negras, que ousam ocupar espaços de poder", acrescentou.

Talíria relata que as ameaças de morte começaram em 2016, durante o seu primeiro mandato como vereadora da cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio. Segundo a parlamentar, em junho deste ano, dias após o nascimento de sua filha, ela recebeu a notificação de que o “Disque Denúncia” estava com cinco gravações que planejavam o seu assassinato. De acordo com a carta, não há informação sobre o andamento das investigações até o momento.

A ONU não tem um prazo para responder a denúncia. Caso a organização acate ao pedido, não haverá um trâmite processual, mas os relatores podem se pronunciar a respeito das ameaças e gerar uma pressão política do alto comissariado da organização sobre o Brasil.

Edição: Mariana Pitasse