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Prato Cheio | Alimentação em xeque com arroz em alta e volta do país ao mapa da fome

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Para evitar o desperdício de alimentos nesse momento tão delicado, confira a receita de almôndega de cascas de banana - Reprodução
O aumento do preço de alimentos básicos como arroz e feijão torna a população ainda mais vulnerável

A alimentação tem norteado muitas pautas nas últimas semanas e a insegurança alimentar é a base comum de todas elas. A volta do Brasil ao Mapa da Fome, a inflação no custo de alimentos básicos e o ataque ao Guia Alimentar para a População Brasileira são temas muito importantes no cenário atual.

Entre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), sugeridos pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Agenda 2030, está a "Fome Zero" e a "Agricultura Sustentável". Dentro desses objetivos estão descritas ações que possibilitam o cumprimento das metas - além da erradicação da fome e desnutrição, o incentivo à sistemas alimentares sustentáveis que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas; diversidade genética de sementes, plantas e animais; acesso seguro e igual à terra para todos e, facilitação do “acesso oportuno à informação de mercado, inclusive sobre as reservas de alimentos, a fim de ajudar a limitar a volatilidade extrema dos preços dos alimentos”.

O aumento do preço de alimentos básicos, como arroz e feijão, torna a população brasileira ainda mais vulnerável à fome e desnutrição. Itens elementares que, segundo a Pesquisa Orçamentária Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já estavam diminuindo dentro do consumo familiar, agora se tornam inacessíveis para aqueles que estão em condição de pobreza. Para outros, que tenham poder de escolha alimentar, a melhor opção é substituir o fornecedor dos seus alimentos.

Pequenos produtores orgânicos e agroecológicos e cooperativas alimentares de cunho social são ótimas opções para não virar refém do mercado do capital. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), constituído de grandes pólos produtores de alimentos baseados em questões sociais e ambientais, ganhou ainda mais notoriedade devido a produção de arroz orgânico.

A dificuldade de acesso a alimentos básicos como o arroz e feijão, por parte da população, se torna ainda mais preocupante diante do pedido de revisão do Guia Alimentar para a População Brasileira. O guia é considerado uma referência internacional e, portanto, um dos melhores do mundo. O conteúdo é considerado revolucionário dentro da área de Alimentação, Nutrição e Saúde Pública, já que torna muito mais fácil a compreensão da classificação de alimentos e, consequentemente da sua aplicação prática, além de levar em consideração aspectos sociais, ambientais e culturais.

O interesse de revisão da nova classificação de alimentos parte da preocupação da indústria alimentícia de ultraprocessados somado a bancada ruralista, já que o posicionamento do guia está em desacordo com as posições de ambas as partes mencionadas. 

Considerando todos esses fatos, é ainda mais importante observarmos e refletirmos sobre nossas ações referentes à alimentação. Para evitar o desperdício de alimentos nesse momento tão delicado, confira uma receita de aproveitamento integral e que pode te ajudar a mudar o olhar sobre comida.

ALMÔNDEGA DE CASCA DE BANANA

Ingredientes:

10 cascas de banana prata (mas pode usar qualquer tipo – prata, d’água, ouro, terra, etc.);

2 dentes de alho;

¼ de cebola picadinha;

100g de farinha de aveia;

1 colher de sopa de azeite de oliva;

½ xícara de salsinha picada;

Pitadas à gosto de cominho, noz moscada, pimenta do reino e páprica defumada;

Sal a gosto.

Modo de preparo:

Retire as fibras da banana – aquela parte branquinha - passando uma colher no interior da casca;

Pique as cascas – é normal que escureça, mas caso queira deixar amarelinha, coloque as cascas cortadas em uma bacia com água e limão, ou bicarbonato de sódio;

Misture todos os ingredientes (retire a água de molho, caso tenha colocado as cascas na solução acima) até formar uma massa homogênea e modelável;

Faça bolinhas e reserve;

Você pode selar (fritar com pouco óleo) ou cozinhar as almôndegas diretamente no molho de preferência, com a panela tampada, por 15 a 20 minutos.

Edição: Mariana Pitasse