Um sargento da Polícia Militar condenado por chefiar milícia no município de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, apresentou candidatura para vereador da cidade nas eleições deste ano. Wainer Teixeira Junior foi sentenciado a cinco anos e três meses de prisão em dois de março, mas foi posto em liberdade três semanas depois após uma decisão do desembargador Roberto Távora.
De acordo com o jornal O Globo, a denúncia do Ministério Público, que culminou na condenação do sargento, aponta que a milícia comandada por Wainer matou desafetos, traficantes e usuários de drogas para controlar vários bairros de Maricá, como Inoã e Itaipuaçu. Ainda segundo a reportagem, em setembro de 2018, o PM deu ordem para matar antigos comparsas, “acusando-os de traição por não repassarem o dinheiro arrecadado com a segurança durante a prisão”. Mesmo condenado, ele segue na Polícia Militar, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Chatuba. O agente, no entanto, só pode realizar atividades burocráticas por decisão da Justiça.
A quadrilha chefiada por Wainer também tem o controle de condomínios do programa “Minha casa, minha vida” na cidade. Em março de 2018, cinco jovens foram executados dentro de um dos conjuntos. Segundo O Globo, a investigação da Polícia Civil apontou João Paulo Firmino, comparsa de Wainer, como responsável pelo crime. De acordo com a polícia, ele gritou para moradores antes dos disparos: “Entra todo mundo, aqui é a milícia, vou acabar com a bagunça do condomínio”.
Em 2017, o sargento também foi preso sob acusação de receber propina do tráfico quando servia no 7º Batalhão de Polícia Militar, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
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O policial já tentou duas vezes o posto de vereador do município de Maricá. Em 2012, ele não foi eleito e em 2016 a sua candidatura foi barrada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Desta vez, Wainer se lança pelo Partido Social Democrático (PSD) e tem como slogan “O respeito voltou! Chama e confia!”.
A defesa do policial alega a inocência e afirma que “o sargento Wainer foi acusado injustamente”. De acordo com o representante legal do PM, ficou “comprovado ao longo do processo uma vez que não há prova alguma contra o mesmo salvo a citação ao nome do mesmo em ligações telefônicas de terceiros ainda obtidas de forma irregular”.
Edição: Jaqueline Deister