Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA

RJ: No sexto mês de quarentena, número de mulheres mortas a tiros dobrou

Plataforma Fogo Cruzado aponta que 34 mulheres foram baleadas no Grande Rio durante a pandemia; 12 morreram

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O Rio de Janeiro foi o município da Região Metropolitana com o maior número tiroteios durante a quarentena - Arquivo/ Agência Brasil

Um levantamento da plataforma Fogo Cruzado divulgado na última terça-feira (14) aponta que desde quando foi decretada a quarentena no estado do Rio, houve um crescimento de mulheres baleadas na Região Metropolitana. Ao todo, foram 34 vítimas. Deste total, 12 morreram. O relatório aponta que metade dos casos ocorreu entre cinco de agosto e 1° de setembro. 

Entre as vítimas está a sargento do Exército Bruna Carla de Araújo, morta a tiros no dia 30 de agosto, em um assalto na Avenida Presidente Kennedy, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Bruna Carla estava de carro com a família, quando o veículo enguiçou e o marido teve que descer para fazer o conserto.

A sargento chegou a ser socorrida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pilar, mas não resistiu. Ela era lotada no 21º Batalhão de Paraquedistas.

Menos tiroteio

O relatório apresentado pela plataforma Fogo Cruzado aponta ainda que houve uma queda nos disparos de arma de fogo, se comparados com o mesmo período de 2019. Segundo o levantamento, ocorreram 2.359 tiroteios de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 43% a menos que o registrado entre os dias 14 de março e 13 de setembro do ano passado, quando houve 4.114 tiroteios.

O documento revela também a redução do número de agentes de segurança em áreas onde ocorreram disparos de arma de fogo. De acordo com o Fogo Cruzado, houve 575 disparos, o que representa 24% do total de tiroteios registrados nestes seis meses de quarentena. Já em comparação com o mesmo período de 2019, houve queda de 53% no índice de agentes envolvidos nos tiroteios.

A redução também está relacionada com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu as operações policiais nas favelas e periferias durante a pandemia desde junho. No dia quatro de agosto, a Corte ratificou a liminar concedida pelo ministro Edson Fachin a favor da suspensão.

Leia mais: Após protestos, tiroteios com agentes de segurança caem 76% em junho no Rio

De acordo com um estudo feito pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF) e a plataforma Fogo Cruzado, ao menos nove vidas foram poupadas por semana desde que foi decretada a suspensão de operações policiais em favelas do Rio. Entre os dias  cinco e 19 de junho, 15 dias desde a decisão, houve uma redução de 75,5% das mortes decorrentes de operações policiais em relação à média de mortes no mesmo período entre os anos de 2007 e 2019, e de 49,6% em relação aos feridos.

O levantamento revelou também que a capital fluminense, com 1.447 registros, foi o município da Região Metropolitana com o maior número tiroteios durante a quarentena, concentrando 61% do total acumulado no Grande Rio. Em segundo lugar está o município de São Gonçalo, com 265 disparos de armas de fogo; Duque de Caxias, com 164; Niterói, com 100 casos e Belford Roxo, com 88 tiroteios completaram o ranking. O Rio de Janeiro também foi o município com o maior número de mortos, ao todo 142 óbitos, já feridos foram 164.

 

Edição: Jaqueline Deister