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Prato cheio | PANCs: as plantas e flores que ganham cada vez mais espaço na culinária

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Além de linda e comestível, a flor do ipê também apresenta algumas propriedades terapêuticas e medicinais - Reprodução
Muitas das PANCs são despercebidas, pelas ruas, canteiros ou aquele matinho que não damos valor

Quando a primavera começa a se aproximar é difícil ignorar a beleza das flores. Além de deixarem qualquer espaço mais alegre, elas são símbolos de renovação de vida, já que a partir da polinização virá a abundância dos frutos. Naturalmente admiramos um e comemos o outro, mas saiba que podemos comer os dois.

Existem muitas flores comestíveis e o uso na culinária está crescendo aos poucos com a difusão das PANCs (plantas alimentícias não convencionais).

Esse termo é usado para se referir a qualquer tipo de planta que seja comestível, porém que dificilmente vemos sendo comercializadas. São raízes, folhas, frutos e flores que estão muito relacionados a conhecimentos tradicionais e regionais e, que portanto, resgatam e fortalecem nossa diversidade ambiental, alimentar e cultural.

Muitas das PANCs são despercebidas por nós, pelas ruas, canteiros, naquele matinho que não damos valor. Outras são muito exuberantes e crescem bem na nossa frente, como é o caso do Ipê.

O ipê, aquela árvore que colore a paisagem entre o inverno e a primavera, teve sua flor oficializada como a flor nacional do Brasil. Podemos encontrar - e comer - ipês de várias cores, rosa, roxo, branco, mas as flores amarelas são as menos amargas, o que possibilita harmonizar melhor em preparações culinárias.

Como é muito comum encontrar essa árvore em ambientes urbanos, é importante sempre higienizar bem as flores antes de consumi-las.

Caso as colha em um local mais natural, não tem problema ingerir imediatamente. As flores podem ser consumidas cruas, refogadas ou fritas. Sugiro experimentar todas as opções.

Além de linda e comestível, essa árvore também apresenta algumas propriedades terapêuticas e medicinais. É encontrado, principalmente, no ipê-roxo, um princípio ativo com função antitumoral. Além disso, os ipês apresentam ações antiinflamatórias, cicatrizantes, antigripais, entre outras. É muito importante dizer que o consumo não é recomendado à gestantes e lactentes e que, o uso em doses elevadas pode ser tóxico e ocasionar aborto, vômito e diarréia.

Uma forma muito simples de usar as flores na alimentação é incorporando na salada. Além de dar um sabor diferente, deixa o saladão convencional bem bonito. Pra sair um pouquinho do óbvio, mas seguindo a simplicidade, trago uma receita bem prática e que pode servir como uma entrada ou petisco.

TEMPURÁ DE IPÊ

Ingredientes:

1 xícara de farinha de trigo

½ xícara de água

Flor de Ipê

Sal e temperos (orégano, manjericão, coentro, cominho, etc.)

Azeite extra-virgem ou óleo de coco

Modo de preparo:

Destaque o cabinho e a base das flores, reserve apenas as pétalas; lave bem, e com cuidado, em água corrente e higienize em uma solução clorada, como as verduras convencionais.

Misture a farinha de trigo, sal e temperos escolhidos. Em seguida, adicione a água e mexa até ficar bem homogêneo. Como não usamos ovo para empanar, leve à geladeira por alguns minutos para ficar mais firme. Enquanto isso, retire as flores da solução clorada, passe em água corrente e coloque para secar em papel absorvente.

Retire a massa da geladeira e mergulhe as flores, uma por vez, para que fiquem bem cobertas.

Esquente o óleo escolhido e frite as flores.

Edição: Mariana Pitasse