Mais ou menos 70% da população brasileira tem apenas o SUS para garantir seu atendimento
Um SUS menor e com mais gente para atender. Um SUS mais frágil, com mais problemas de saúde pra cuidar. Esse é o resumo dos dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um órgão oficial do governo federal, a partir de pesquisa nacional de saúde realizada em 2019, no ano passado.
Eles mostram de forma muito clara, por um lado a importância do SUS e por outro, como a dupla Temer e Bolsonaro vieram fragilizando o nosso Sistema Único de Saúde nos últimos três anos.
Quero reforçar que estamos falando de dados de 2019, primeiro ano de Bolsonaro, ou seja, essa situação está ainda pior depois do início da covid-19.
Olha o que a pesquisa aponta: em 2013, 95% dos brasileiros que procuraram atendimento médico conseguiram atendimento em um intervalo de duas semanas, em 2019, isso caiu para menos de 78% dos brasileiros.
Isso tem a ver com o desmonte do Mais Médicos, com a redução dos recursos para atendimentos na urgência e emergência, tem a ver com as UPAs 24h que foram fechadas em várias capitais do país porque não receberam mais recursos do governo federal. Tem a ver também com a leva de prefeitos e prefeitas empossada em 2017: a grande maioria, contra o SUS.
Um outro dado. Em 2013, 47.2% dos domicílios do Brasil diziam que haviam recebido uma visita mensal de agentes comunitários de saúde ou de algum outro membro da Equipe de Saúde da Família, em 2019 apenas 38.4% dos domicílios revelavam essa visita.
É o desmonte deliberado e descarado das equipes de Saúde da Família, dos Agentes Comunitários de Saúde, seja pelas políticas de Temer na mudança de repasse dos recursos, de Bolsonaro com a mudança de financiamento da Atenção Primária em Saúde.
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Ao contrário disso, a pesquisa de 2019 mostra que mais ou menos 70% da população brasileira tem apenas o SUS para garantir seu atendimento. Quando a gente fala de pessoas sem plano de saúde médico, esse número sobe para 74% de pessoas que dependem exclusivamente do SUS.
O cenário certamente é pior atualmente, por conta da covid-19, pela redução do número de pessoas que tem plano de saúde. Desemprego, perda de renda, o desmonte da renda das famílias e um SUS cada vez mais sobrecarregado e subfinanciado.
Edição: Rodrigo Chagas