Teve início na noite desta quinta-feira (3) a 7ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), organizada por estudantes e professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), campus da Universidade de São Paulo, localizado em Piracicaba (SP).
A Jornada, que por conta da pandemia do novo coronavírus está sendo realizada via Youtube, contará com debates semanais às quintas-feiras durante todo o mês de setembro. Originalmente a JURA é realizada no mês de abril, também chamado de Abril Vermelho, em memória ao massacre de Eldorado dos Carajás.
O encerramento desta edição será no dia 1º de outubro com um debate sobre soberania. Até lá a JURA debaterá temas como a violência no campo, a luta pela terra no contexto da pandemia e as questões em torno da importância da solidariedade na atual conjuntura. Confira no fim desta reportagem a programação completa da Jornada.
Participaram deste debate de abertura, intitulado “O que está acontecendo na nossa sociedade?” a coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Kelli Mafort, a economista Juliane Furno e Edmilson Costa, membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Para Kelli Mafort, a realização da JURA faz parte de um movimento de resistência dentro da Universidade, e é muito importante sua organização na ESALQ, conhecida como o berço do agronegócio. Ela citou Dom Pedro Casaldáliga, retomando, nas palavras dele, a necessidade de romper o latifúndio para construir vidas.
A coordenadora nacional do MST falou também sobre os ataques que o Movimento vêm sofrendo como o despejo do Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais e a atuação da Força Nacional em assentamentos no estado da Bahia.
Para a economista Juliane Furno, a agenda de privatizações que vêm avançado nacionalmente se apresenta no estado de São Paulo principalmente com a PL-527, que visa privatizar empresas públicas.
Além disso, ela falou que a esquerda brasileira vive um momento de derrota estratégica, sobretudo desde 2016, com a retirada da presidenta Dilma do cargo. Na opinião da economista, a derrota de Jair Bolsonaro é muito importante para que a esquerda não tenha uma derrota histórica.
A estudante Thayná Baldini, que estava mediando o debate, é militante do Levante Popular da Juventude e também integra a gestão do Diretório Central dos Estudantes da USP. Ela falou ao Brasil de Fato sobre a importância da realização da JURA neste momento, como também da centralidade em abrir este processo debatendo a conjuntura brasileira.
“Neste momento, com o governo Bolsonaro, cada vez mais as lutas sociais estão sendo criminalizadas. Mesmo assim a gente está levantando o debate sobre reforma agrária e estamos fomentando a presença do MST na universidade. Tudo isso a gente vê como uma forma de defesa ativa. É importante que a gente esteja ciente do momento em que nós estamos vivendo porque a partir disso conseguimos apontar saídas para os problemas”.
Também estavam presentes neste primeiro debate da JURA e fizeram saudações aos presentes na live, os representantes do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (CALQ) e da Frente Pela Democracia Luiz Hirata.
Programação da 7º JURA-ESALQ
10/09
Tema: Não vamos parar até a violência no campo acabar!
Debatedores: Alceu Castilho (De Olho nos Ruralistas), Maria Rita Kehl (Jornalista e psicanalista) e Leidiano Farias (Consulta Popular)
17/09
Tema: A luta pela terra e os impactos da pandemia de Covid-19
Debatedores: Tassi Barreto (MST), Ademir de Lucas (Professor da ESALQ-USP) e Paulo Moruzzi (Professor da ESALQ-USP)
24/09
Tema: Solidariedade não é caridade: o poder popular em defesa da vida
Debatedores: Eliane Martins (MTD), Zelitro Luz (MST), Simone Tomaz (MST) e Gabriel Dias (Brigadas Solidárias)
01/10
Tema: Se o campo não planta a cidade não janta: a soberania começa pela boca
Debatedores: Natalia Gebrim (Instituto Terra Mater), Luiz Zarref (MST) e mais a confirmar
Edição: Rodrigo Durão Coelho