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O apoio urgente à greve dos funcionários dos Correios

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Greve dos Correios em João Pessoa - 03.09.2020 - Filipe Cabral
As trabalhadoras, em particular, têm até onze itens de retirada de direitos

A greve dos trabalhadores dos Correios ultrapassa o décimo sexto dia e tenta se contrapor à tentativa de retirada de direitos fundamentais dos ecetistas.

A direção dos Correios, comandada pelo general Floriano Peixoto, retirou 70 das 79 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que teria vigência até 2021. Embora os meios de comunicação empresariais e políticos neoliberais classifiquem os funcionários ecetistas como “privilegiados”, a realidade é distante disso.

Muito distante. O salário inicial da maior parte dos trabalhadores dos Correios é de R$ 1.700, o menor entre todas as empresas públicas do Brasil. Uma ida ao piquete de greve já mostra que quem está ali é o povo trabalhador, que rala no cotidiano.

Além disso, os aproximadamente 100 mil funcionários do quadro da empresa, na condição de serviço essencial, estão expostos desde o início da pandemia, atuando nas ruas, sem as devidas condições, sujeitos ao contágio e morte.

Os ecetistas acusam o governo de não fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPI) em suas atividades cotidianas nas agências de atendimento, o que já levou a 115 óbitos na categoria em diversos estados.

As trabalhadoras, em particular, têm até onze itens de retirada de direitos expressos, muitos deles direitos fundamentais, caso da licença-maternidade 180 dias, auxílio-creche, além do auxílio para dependentes e familiares especiais, homens e mulheres, o que prejudicará o atendimento a este segmento social. Atos têm sido puxados pelas trabalhadoras contra esses ataques.

No campo da esquerda, há um grande equívoco em parte da militância reticente em apoiar a greve com argumentos como “em quem a categoria votou em 2018?” ou “faz arminha!”, num raciocínio descontextualizado e revanchista, sobre suposto rompimento da categoria com o Partido dos Trabalhadores em 2018 no período de golpe. Um tipo de raciocínio que não leva a lugar nenhum e, em última análise, manteria os trabalhadores distantes das organizações de esquerda.

Precisamos amadurecer. O olhar para o passado deve ser no sentido no aprendizado do que a esquerda errou ou quais lacunas devem ser preenchidas no próximo período. Devemos nos distanciar totalmente de argumentos que culpabilizam os trabalhadores. O apoio a cada greve e luta contra os desmandos de Bolsonaro é urgente.

Neste momento, sem a percepção geral das massas de crítica ao governo Bolsonaro, que vive uma estabilidade relativa neste momento, é hora de seguir apoiando lutas como as que estão sendo puxadas pelos funcionários dos Correios, lutas contra as demissões no ramo metalúrgico, a luta também em defesa da autonomia universitária e contra as intervenções de Bolsonaro tem papel importante, além, é claro, das lutas por melhores condições de vida nos territórios.

Empresa das mais antigas do Brasil, com 350 anos, defender os Correios é defender o patrimônio público que pretende ser vendido por Bolsonaro, reeditando a onda de privatizações que nos anos 90 que entregou a mineradora Vale grátis ao capital financeiro, causando inclusive desastres ambientais e humanos.

“Vale citar que os Correios são autossuficientes, não dependendo de repasses orçamentários da União, pagando salários e benefícios dos servidores e ainda fazendo o repasse obrigatório anual de 30% da receita líquida. Além da prestação dos serviços públicos postais nos 5.570 municípios brasileiros, onde dá lucro, há ainda um pacto federativo em que os estados recebem receitas divididas pelos estados superavitários”, enfatiza Ivan Carlos Pinheiro, funcionário da casa há 27 anos, e uma das lideranças mais ativas da greve no Paraná.

Edição: Gabriel Carriconde