negligência

Três meses depois, evento virtual cobra justiça para o caso do menino Miguel

Aos cuidados de patroa da mãe, garoto de cinco anos morreu após cair do 9º andar de um condomínio de luxo no Recife

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Morte de Miguel motivou protestos por justiça em Pernambuco - PH Reinaux

Nesta quarta-feira (2), uma campanha online será lançada para ampliar o alcance dos pedidos de justiça pelo menino Miguel Otávio, de cinco anos. O movimento virtual marca os três meses de morte da criança, que caiu do  9º andar de um condomínio de luxo no Recife, quando deveria estar sob os cuidados da patroa da mãe dele, Sarí Corte Real, primeira dama de Tamandaré, cidade do litoral sul de Pernambuco.

Relembre: Em Pernambuco, patroa é negligente com filho de empregada e criança morre

Com título de "Ouçam Mirtes, Mãe de Miguel", o evento reúne artistas, militantes, ativistas e advogados em uma onda de apoio à família da vítima. Sarí foi indiciada por abandono de incapaz seguido de morte. No entanto, a influência e o poder financeiro da família Corte Real na reunião levantam o temor de que o julgamento beneficie a acusada.

Movimentos e especialistas apontam racismo na condução do caso Miguel

A transmissão de lançamento será realizada na página do Facebook da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), a partir de 18h. Em paralelo será lançado um vídeo de apoio, com participação de nomes como Lia de Itamaracá, Erika Januza, Mariana Ximenes e Angélica. Na tela, elas usam camisetas com frases ditas pela mãe de Miguel. As peças foram criadas pela artista plástica Mana Bernardes, com cores e caligrafia que remetem à fé católica, presente na família do garoto.

"Depois que eu vi o vídeo que caí na realidade", diz avó de Miguel em ato em Recife

Em nota sobre o evento, a representante da Anepe, Mônica Oliveira, ressalta: “a  forma como a vida de Miguel foi ceifada é mais um exemplo das consequências das profundas desigualdades que marcam o Brasil.  Todas as pessoas precisam pensar sobre isso e se posicionar”. 

Relembre o caso

No dia 2 de junho, Mirtes fora passear com o cachorro da família, enquanto Sarí Côrte Real se comprometeu a ficar com a criança por 10 ou 15 minutos. Neste tempo, a criança quis buscar a mãe. Sarí permitiu que Miguel entrasse no elevador sozinho, no 5º andar, e ela apertou o botão do último piso (12º), sabendo que a criança buscava o térreo.

Morte do menino Miguel, em PE, tem raízes escravocratas, diz líder de domésticas

A primeira dama de Tamandaré voltou ao apartamento para ser atendida por uma manicure. A criança apertou outros botões aleatoriamente e desceu no 9º andar, de onde cairia acidentalmente minutos depois, de uma altura de 35 metros.

Filhos de empregadas domésticas lançam manifesto pelo direito à quarentena das mães

Sarí Côrte Real foi presa em flagrante, mas solta pouco depois, após pagamento de fiança no valor de R$ 20 mil. O caso ocorreu no condomínio de luxo Píer Maurício de Nassau, do conjunto conhecido como “Torres Gêmeas do Recife”, localizado no Cais de Santa Rita, bairro de Santo Antônio, região central da capital. Sarí Côrte Real é casada com Sérgio Hacker (PSB), prefeito de Tamandaré, cidade da Zona da Mata sul de Pernambuco.

Edição: Rodrigo Durão Coelho