Desrespeito

115 mil óbitos por covid: Bolsonaro diz que jornalista "bundão" corre mais riscos

No Palácio do Planalto, presidente reuniu profissionais que defendem a cloroquina contra o coronavírus

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Lado a lado: Bolsonaro posa para foto com profissionais da saúde que defendem a cloroquina e a hidroxicloroquina. - Marcos Corrêa/PR

Números divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nesta segunda-feira indicam que o Brasil já registrou oficialmente 115.309 mortes por causa da covid-19. Foram 565 confirmações de óbitos entre domingo (23) e segunda-feira (24). Também nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou o tema para ofender jornalistas.

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No evento "Brasil vencendo a covid-19”, realizado no Palácio do Planalto, ele mencionou que salvou a vida de um colega quando estava no Exército por sempre ter sido um atleta. Segundo Bolsonaro, esse fato lhe confere mais chances de sobreviver ao coronavírus do que os profissionais da imprensa. "Aquela história de atleta, né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando (o coronavírus) pega num bundão de vocês, a chance de sobreviver é bem menor.”

Mais cloroquina

Os dados do Conass mostram ainda que 3.662.861 pessoas já foram infectadas pelo coronavírus, desde o primeiro registro no Brasil. De domingo (23) a segunda-feira (24), 17.078 pacientes receberam a confirmação de que estão com a doença. O evento no Palácio do Planalto foi marcado para defesa do tratamento de casos leves da covid-19 com cloroquina e hidroxicloroquina, remédios sem comprovação científica contra a doença. 

Mais de 800 mil pessoas perderam a vida para a covid-19 em todo mundo

Diversos médicos favoráveis ao uso dos medicamentos participaram da cerimônia. Bolsonaro afirmou que a decisão de uso das substâncias, tomada por eles, ajudou a salvar vidas. O Brasil é o segundo país com maior número absoluto de mortes pela covid em todo o mundo e os índices de pacientes recuperados não são superiores a média observada na pandemia do coronavírus.

Em abril, Anvisa alertou Bolsonaro que cloroquina não deveria ser usada contra covid

Em uma miscelânia de temas, houve espaço no discurso do presidente para comparar a decisão dos médicos que aplicam a cloroquina à definição do próprio Bolsonaro de concorrer à presidência em 2018 e ao tratamento dado à facada que ele levou durante as eleições. O chefe do executivo aproveitou o espaço para alfinetar o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, crítico ao uso das substâncias não comprovadas em casos de covid. 

Por que é tão difícil prever o fim da pandemia no Brasil?

Bolsonaro disse que passou a defender as medicações após "começar a estudar o negócio", se referindo à pandemia do coronavírus. "A decisão é do médico, pô! E assim como se muda de médico, eu mudei de ministro." A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) do Brasil não recomendam o uso da droga contra a covid. O Brasil é também o segundo país na lista dos que registram mais casos totais da doença.

O que é o novo coronavírus?

Trata-se de uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho