O direito à educação não foi dado, foi conquistado através de muita luta.
Por Élida Elena*
A Universidade tem um papel muito importante para o desenvolvimento de um país como o Brasil. Defendê-la significa lutar pela transformação desta sociedade marcada por profundas desigualdades. No Brasil, os estudantes sempre estiveram em movimento, em diversos momentos históricos.
Nos movimentos pela independência frente à Portugal, no processo de abolição da escravidão no final do século XIX, na luta contra o nazifascismo nas décadas de 1930 e 1940, na campanha “O Petróleo é Nosso” na década de 1950, na resistência à ditadura cívico-militar (1964-1985), nas mobilizações pela redemocratização dos anos 1980, nas lutas do "Fora Collor" em 1992, na resistência ao neoliberalismo, entre outros momentos históricos em que a soberania nacional e a democracia estiveram em jogo.
A atual geração de estudantes brasileiros vive sob uma forte ofensiva neoliberal e neofascista, conduzida pelo governo Bolsonaro. Mas, se forte é a ofensiva, forte também têm sido a nossa resposta. A cada dia demonstramos que não somos uma geração que baixa a cabeça para as injustiças e ameaças aos nossos direitos.
Historicamente, as elites dominantes no Brasil deixaram o povo trabalhador sem acesso ao direito à educação, como dizia Paulo Freire: “Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceberem as injustiças de maneira crítica.” Isso quer dizer que o direito à educação não foi dado, foi conquistado através de muita luta.
Temos que estar atentos e atentas: após conquistado, infelizmente, ele não é definitivo, é preciso seguir mobilizados em torno da defesa do acesso à educação permanentemente.
Mesmo hoje, diante de uma pandemia, que complica ainda mais o acesso à educação - uma vez que mantém os estudantes isolados socialmente em suas casas e também escancara outro problema: a desigualdade social e a própria qualidade de vida, incluindo aí acesso às condições básicas como alimentação adequada, à energia elétrica, saneamento, computadores, internet etc - o governo Bolsonaro se nega a dar resposta aos atuais problemas da educação no brasil e não recua em seus ataques aos nossos direitos.
Além de uma gestão irresponsável da crise sanitária originada pela chegada do novo coronavírus ao país, o governo já anunciou uma nova agenda de cortes na educação para o próximo ano, mesmo sendo um período que exige maior aporte financeiro para responder às questões geradas pela crise.
Muitos estudantes estão sofrendo por não terem condições adequadas de acesso às aulas remotas, ou estão na iminência, e/ou já largaram seus cursos em universidades privadas, pelo impacto da crise econômica. É preciso fortalecer nossa organização e lutar para que nenhum estudante fique para trás em seu direito de estudar e se formar!
A pandemia também transformou a luta e a organização dos estudantes pelo Brasil. Para que o Movimento Estudantil (ME) pudesse ter a capacidade de se colocar diante de seus desafios históricos, ao longo do tempo criou e se apropriou de ferramentas e métodos de trabalho, e hoje, diante da necessidade de fazermos isolamento social, estamos em constante reflexão sobre novas formas de organização e do exercício de pressão popular em defesa da educação, da vida e democracia.
Assim, mesmo sob essa intensa ofensiva que representa o governo Bolsonaro, os estudantes brasileiros seguem demonstrando disposição de luta! Revertermos os cortes como os tsunamis da educação do ano passado. E com essa mesma força para defender o futuro e os sonhos da juventude. Foi através de muita organização do Movimento estudantil que conquistamos o adiamento do ENEM e aprovamos o Novo Fundeb depois de intensas mobilizações nas redes.
Mesmo diante de uma pandemia, o governo Bolsonaro não recua em seus ataques a educação. O governo já anunciou uma nova agenda de cortes na educação para o próximo ano, mesmo sendo um período que exige maior aporte financeiro para responder às questões geradas pela crise sanitária. Muitos estudantes estão sofrendo por não terem condições adequadas de acesso às aulas remotas, ou estão na iminência, e ou já largaram seus cursos em universidades privadas, pelo impacto da crise econômica. É preciso fortalecer nossa organização e lutar para que nenhum estudante fique para trás em seu direito de estudar e se formar!
Por isso, precisamos seguir em luta! Não podemos baixar a cabeça para esse governo que quer acabar com a educação brasileira e com os nossos futuros. Como consequência da pandemia e do negacionismo do presidente, o Brasil já perdeu mais de 100 mil vidas e a crise econômica segue piorando as condições de vida do povo trabalhador. Por isso, devemos intensificar nossa presença nas campanhas de solidariedade. Nesse momento de dor e sofrimento em muitos lares, os estudantes e as universidade devem estar a serviço do seu povo, levando ajuda diante da omissão do Estado brasileiro.
Na semana do 11 de Agosto, dia do estudante e data marco da fundação da UNE, a história nos mostra e nos ensina que só a luta muda a vida.
*Élida Elena é vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes e militante do Levante Popular da Juventude.
Edição: Rodrigo Durão Coelho