A malária, doença que atingiu a atriz Camila Pitanga e a filha dela, Antonia, de 12 anos, é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos problemas mais críticos de saúde pública do mundo. Dados ainda não consolidados indicam que mais de 150 mil pacientes foram registrados, somente no Brasil, em 2019.
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Apesar de ter os primeiros registros na história da humanidade datados em 2700 a.C e de contar com tratamentos eficazes há cerca de um século, a malária ainda atinge mais de 200 milhões de pessoas globalmente por ano.
O Brasil tem um plano para erradicar a doença até 2040, mas, no ano passado, 160 municípios não atingiram a meta de redução, eliminação ou manutenção em seus territórios.
O Chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Cláudio Tadeu Daniel Ribeiro, ressalta que os últimos anos representaram avanço, mas percebe uma reversão no controle da doença não só no Brasil (Ouça a entrevista na íntegra, concedida ao programa Bem Viver, abaixo do título desta matéria).
"O Brasil teve conquistas extraordinárias nos últimos anos. Atingimos a primeira meta de reduzir em 75% em quinze anos. Em 2018 a gente voltou a ter um aumento muito importante", relata.
"Eu não diria que nós estamos mais perto da eliminação do que estávamos cinco anos atrás. É preciso dizer que essa mudança de cenário negativa não aconteceu só no Brasil. A OMS registrou essa mudança de cenários por várias razões em diferentes países, que vão de instabilidade política ao surgimento de outras doenças", completa.
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Cerca de 90% dos casos de malária no Brasil ocorrem na região amazônica, nos estados Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.
Considerada endêmica, a área tem quase todos os casos da doença com origem no próprio local. Em outros locais, 80% dos casos têm origem fora do Brasil e chegam ao país por meio de viajantes.
Existe ainda a chamada transmissão residual, principalmente em áreas de Mata Atlântica. O caso de Camila Pitanga, que está em isolamento social por conta da covid-19 no litoral de São Paulo, se encaixa nessa última situação.
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De acordo com dados do Ministério da Saúde, a malária é fortemente influenciada por aspectos sociais e está associada à pobreza. A mortalidade é maior em países menos desenvolvidos. No Brasil, 80% dos casos ocorrem em áreas rurais ou indígenas e outros 11% em regiõesde garimpo ou assentamentos.
Sintomas
Em seu relato nas redes sociais, Camila Pitanga falou sobre sintomas e insegurança, frente à possiblidade inclusive de estar contaminada pela covid-19. "Foram 10 dias de muito sufoco. Entre picos de febre alta, calafrios e total incerteza."
Os sinais que a malária causa são realmente muito debilitantes segundo relatam autoridades em saúde. O paciente sente febre alta, calafrios, tremores, sudorese, dores de cabeça e, em alguns casos, náuseas, vômitos e cansaço.
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Cláudio Tadeu Daniel Ribeiro explica que os sintomas são violentos e ressalta a importância do tratamento. "O momento certo de começar o tramento é o mais cedo possível. Porque isso poupa o paciente do sofrimento. A malária maltrata muito o paciente. Ele sente uma dor de cabeça muito forte, tem suores e calafrios a ponto de ficar exausto, tremedeiras, febres muito altas."
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A doença é transmitida pela picada do mosquito Anopheles, infectado por um protozoário chamada Plasmodium. No corpo humano, o parasita se instala e se reproduz no fígado. Os mosquitos são mais comuns em áreas próximas a locais úmidos.
A prevenção individual é feita com uso de repelentes, inseticidas e telas mosqueteiras. Coletivamente, o combate ao mosquito exige limpeza de criadouros, obras de saneamentos, melhorias nas condições de habitação e técnicas racionais de uso da terra e da água.
SUS garante tratamento
O papel do poder público é essencial nos aspectos de prevenção, mas também tem muita importância no tratamento, disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao contar sua história, Camila Pitanga fez questão de exaltar o SUS.
"Uma vez que a suspeita era malária, doença muito rara, não há melhor lugar para você ser tratado do que a rede SUS, local de referência e excelência para doenças endêmicas." A atriz foi atendida no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e fez um agradecimento emocionante à equipe de profissionais que a orientou.
É de suma importância valorizar a existência desse sistema de saúde que cuida de tanta gente, principalmente dos que não tem condições de pagar um plano de saúde.
"Fui prontamente atendida por uma mulherada. Sim, uma equipe 100% de mulheres fantásticas do laboratório da Sucen (...) O tratamento é gratuito. Faço cá meus votos de gratidão a todas e todos agentes de saúde, que além de estarem na trincheira nessa luta contra a covid-19, estão aí atendendo inúmeras outras demandas com seu profissionalismo em meio a condições e incertezas muito grandes. É de suma importância valorizar a existência desse sistema de saúde que cuida de tanta gente, principalmente dos que não tem condições de pagar um plano de saúde."
Edição: Rodrigo Chagas