Após receber inúmeras denúncias, a Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai realizar vistorias e diligências nas bases da Petrobras e exigir que a companhia cumpra as medidas de segurança com os seus funcionários. A decisão foi anunciada na última terça-feira (11), pela presidente da comissão, a deputada Mônica Francisco (Psol), durante uma audiência pública realizada para debater as condições de trabalho e saúde dos petroleiros no estado.
Na audiência, representantes dos sindicatos da categoria afirmam que a empresa estaria omitindo dados sobre número de contaminados pela covid-19. Eles também disseram que a testagem é feita de forma incorreta e que funcionários contaminados continuam trabalhando. As informações já haviam sido noticiadas pelo Brasil de Fato nas últimas semanas.
Em sua fala, Mônica reforçou a necessidade de a Alerj conhecer a situação desses trabalhadores. “Já enviei requerimentos de informação a Petrobras para saber o número de contaminados e de óbitos na empresa. Também enviei à Secretaria de Estado de Saúde para saber sobre a atuação da empresa neste momento de pandemia”, disse. A parlamentar ainda lamentou a ausência de algum responsável da Petrobras na audiência. “Foram convidados, mas não compareceram”.
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Já o diretor do Sindicato dos Petroleiros de Caxias (Sindipetro-Caxias), Luciano Santos, relatou que a busca pelo número de contaminados e mortos está sendo feita diretamente com os trabalhadores. “Já são quatro perdas por conta da covid-19 e mais de 580 contaminados e a empresa esconde. A empresa está fazendo o jogo do vale tudo para cumprir as metas em detrimento das vidas”, afirmou.
O coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra, complementou que a Petrobras vai no mesmo caminho do Governo Federal e não faz testagem em massa. Ele criticou ainda a mudança nas escalas de trabalho.
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“Trabalhadores tiveram suas escalas alteradas de forma impositiva. Os embarcados que passavam 14 dias agora passam 21 na embarcação. Isso é muito prejudicial e exaustivo. Queremos que volte o regime 14 por 14 para os trabalhadores e que eles tenham todo o cuidado que merecem”, reforçou. Segundo Tezeu Bezerra, a situação é extrema.
O Representante da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio de Janeiro (SRT-RJ), Eduardo Medeiros, disse que tem trabalhado em cima das reclamações que estão chegando. O contato para denúncias é pelo WhatsApp: (21) 969284771 ou pelo e-mail: [email protected].
Edição: Mariana Pitasse