O secretário estadual de Saúde, Alex Bousquet, disse nesta segunda-feira (27) que vai fechar nos próximos dias os hospitais de campanha de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e de Nova Friburgo, na Região Serrana, construídos para auxiliar no combate à pandemia da covid-19. A informação foi anunciada durante reunião sobre fiscalização dos gastos públicos em saúde, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Relator da Comissão de Saúde da Alerj, o deputado Renan Ferreirinha (PSB) disse, no entanto, que vistoriou todas as unidades e que elas nunca estiveram aptas para funcionar. "As condições eram as mais precárias possíveis. E agora recebemos a informação de que as mesmas serão fechadas. Isso deixa claro como o dinheiro público foi gasto de forma leviana” afirmou o parlamentar.
O deputado também disse que os dois únicos hospitais de campanha que funcionaram no Rio, tanto o Maracanã quanto o de São Gonçalo, funcionaram com um número muito inferior ao necessário.
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Bousquet afirmou que as unidades do Maracanã e de São Gonçalo também estão perto de fechar. "O planejamento já incluía início, meio e fim. Os serviços foram contratados por um prazo temporário e estamos próximo finalizar as atividades nas unidades de apoio como um todo. A epidemia está estabilizada ou está em queda e isso é natural que aconteça", argumentou.
Caxias, Friburgo e Nova Iguaçu são três dos sete hospitais que o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) foi contratado para construir e gerir no período de combate à covid-19. Segundo Bousquet, o Iabas já recebeu R$ 256 milhões, dos R$ 770 milhões previstos em contrato para as obras das unidades. Ele também frisou que os hospitais de Casimiro de Abreu e Campos dos Goytacazes não foram concluídos. "Não vimos necessidade de finalizar essas obras e, por isso, paralisamos a construção", esclareceu.
Contratos
À frente da pasta há um mês, Bousquet disse que revisou todos os 44 contratos que a secretaria mantinha. Segundo ele, muitos já estavam vencidos há mais de um ano. "Separamos os contratos em três grandes grupos: os acordos vigentes, os contratos irregulares juridicamente e os que tinham alguma dependência administrativa. Com isso conseguimos dar agilidade aos processos dentro da instituição", ressaltou.
Mas a deputada Martha Rocha (PDT), que é presidente tanto da comissão de saúde quanto da comissão de gastos da saúde na pandemia, insistiu que a nova gestão da Secretaria Estadual de Saúde não é transparente.
"Não é papel da Alerj sugerir nenhum tipo de gestão, mas me incomoda a falta de transparência nas decisões tomadas pela Secretaria. Duas importantes mudanças foram lideradas pela pasta, entre elas a quebra do contrato com o Iabas, sorrateiramente, de forma muito esquisita. A gente já acorda com as informações", criticou a parlamentar.
O deputado Ferreirinha lembrou, na reunião, que o ex-secretário Fernando Ferry prestou depoimento à comissão depois de deixar o cargo e afirmou que estaria saindo da pasta por estar com medo de sujar o seu CPF. "O senhor não ficou com medo de sentar nesta cadeira?", questionou o parlamentar.
"Assisti algumas entrevistas de Ferry, mas não entendi o que ele quis dizer com mar de lamas, porque eu encontrei muitos problemas, mas nada que justificasse esse tipo de afirmação. Trouxe uma equipe técnica e estou usando os técnicos que já tinham na secretaria para prestar um trabalho honesto. O nosso papel nessa secretaria é estritamente técnico", respondeu Bousquet.
Edição: Eduardo Miranda