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Na pandemia, oito em cada dez mortes de gestantes ou no pós-parto ocorreram no Brasil

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Se os militares não quiserem receber críticas, que se mantenham nas suas funções constitucionais, de defesa do Estado brasileiro - Michael Appleton / Fotos Públicas
Não é papel dos militares fazer ou conduzir a política no Brasil

Nas 24 horas entre os dias 13 e 14 deste mês de julho, o Brasil voltou a registrar um número assustador de mortes e de casos pela covid-19.
Neste período foram 1.341 mortes, totalizando 74.262 óbitos no Brasil, que é o segundo país do mundo em número de casos e de mortes. 

Mas neste período um outro fato chegou ao nosso conhecimento e, certamente, abalaram pessoas no mundo inteiro por sua extrema gravidade. 

Pesquisadores da área da saúde, envolvendo quatro universidades brasileiras, fizeram um estudo em relação às mortes de mulheres gestantes e puérperas (mulheres no período do pós-parto) -  durante a pandemia, desde o seu início até o dia 18 de junho. 

A conclusão é que de cada dez mulheres gestantes ou puerpérias que morreram no mundo neste período, oito morreram no Brasil. 

No mundo, foram registradas as mortes de 160 mulheres, sendo 124 brasileiras. 

Essa é uma situação grave que mostra a falta de cuidado e de atenção com as mulheres que deveriam merecer a atenção máxima e total do Estado brasileiro. 

Repito, isso demonstra o descaso do Estado brasileiro em relação às mulheres, sobretudo às mulheres gestantes. 

Militares na Saúde

Um outro fato que envolve ainda a covid-19 é que, diante de todo este quadro, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, recentemente deu uma declaração dizendo que quando o Ministério da Saúde é governado e dirigido por uma maioria de militares, inclusive o próprio ministro interino- que é general da ativa - mostra que os militares aceitam se associar à política genocida de Jair Bolsonaro. 

Essa declaração de Gilmar Mendes, em vez de servir para uma reflexão mais profunda dentro do comando das Forças Armadas Brasileiras, sobre o real papel que elas devam desenvolver no Brasil, gerou uma reação contrária. Imediatamente os setores militares se uniram e com a concordância de Jair Bolaonaro, divulgaram uma carta de repúdio ao ministro. Não só uma carta de repúdio, mas denunciaram o ministro Gilmar Mendes perante o Ministério Público Federal. 

Isso que o ministro Gilmar Mendes diz é o que muitas pessoas repetem todos os dias. Que em um momento de crise aguda da saúde, como esta que vivemos, é necessário que o governo disponha de técnicos de saúde, mas ao contrário, demitiu um a um dos técnicos do Ministério e colocou em seus lugares os militares. 

O ministro Gilmar Mendes tem toda a razão e nós fizemos um apelo para que as forças armadas - o Exército, a Marinha e a Aeronáutica - repensem o papel que estão tendo no governo. 

Eu aqui quero repetir o que disse o governador Flávio Dino. Se os militares não quiserem receber críticas, que se mantenham nas suas funções constitucionais, de defesa do Estado brasileiro. Porque a partir do momento em que militares entram para a política eles têm que se sujeitar às críticas que, obviamente, virão. 

Não é papel dos militares fazer ou conduzir a política no Brasil. 

Espero que, a partir desta manifestação do ministro Gilmar Mendes muita coisa mude no Brasil e que as Forças Armadas de conscientizem do seu verdadeiro papel, mas acima de tudo, se conscientize de que Bolsonaro não está governando o Brasil da forma como nós precisamos que um presidente governe.

Ao invés de Jair Bolsonaro resolver os problemas, a cada dia ele cria novos problemas. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho