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Favelas do Rio têm 4233 casos de covid e 641 mortes, aponta Painel Covid nas Favelas

Iniciativa, lançada na última semana, consolida dados a partir de informações de coletivos locais e dados oficiais

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O Painel Unificador consolida dados sobre casos prováveis e confirmados (combinados em laranja) e mortes (em vermelho) a partir dos relatos dos coletivos - Favela Morro Azul, Rio de Janeiro / The Tricontinental

Uma rede autônoma de movimentos sociais lançou na última semana o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, uma iniciativa colaborativa, cujo objetivo principal é apoiar os esforços de prevenção realizados por movimentos comunitários para informarem moradores e pressionar por políticas públicas necessárias, além de fornecer uma visão mais precisa do impacto da pandemia nesses territórios. 

Segundo os dados compilados pelo painel até esta segunda-feira (13), são 4233 casos confirmados nas favelas da cidade, 641 mortes e 90 casos sintomáticos. A favela que registra maior número de casos é o Complexo da Maré, na zona Norte do Rio, com 1275 casos e 112 mortes. Em seguida, aparece o Complexo do Jacaré, também na zona Norte, com 330 casos e 39 mortes e, depois, a Rocinha, na zona Sul, com 308 casos e 61 mortes.

O Painel Unificador consolida dados sobre casos prováveis e confirmados (combinados em laranja) e mortes (em vermelho) a partir dos relatos dos coletivos, de relatores de favelas em toda a cidade, de painéis publicados pelo governo e clippings de notícias. Moradores podem relatar sintomas diretamente usando um algoritmo de verificação, cujos resultados também aparecerão no painel. Conforme os moradores adicionarem dados à plataforma, pontos quentes de contágio se tornarão visíveis, informando áreas que requerem maior atenção e esforços de campanha para que as pessoas fiquem em casa.

Participam da iniciativa, as organizações Comunidades Catalisadoras (ComCat), Coletivo Conexões Periféricas - RP, DataLabe, Fala Roça, Favela Vertical, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fórum Grita Baixada, Frente de Mobilização da Maré, Mulheres de Frente, Observatório de Favelas, PerifaConnection, Redes da Maré - Somos Todos Maré, TETO e Voz das Comunidades.

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O Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), apoia a iniciativa, por meio de seu Laboratório de Informação em Saúde (LIS), com o objetivo de contribuir para unificar os dados e informações sobre as favelas para tornar mais visível a realidade local.

"Sabe-se que a detecção de casos e óbitos não tem distribuição igualitária, e quanto maior os recursos financeiros do indivíduo suspeito de caso ou de óbito, maior será a chance de uma pessoa infectada ou morta pelo covid-19 ser identificada. Nos lugares em que a população não possui acesso a tais meios, a detecção permanece baixa, como é o caso das áreas de favelas. A ideia é que esses dados sejam visualizados pelos gestores e pelas comunidades com um diagnóstico mais próximo da realidade, que possa ser utilizado para medidas de enfrentamento da pandemia direcionadas de maneira mais adequada, e para que os moradores possam exigir do poder público medidas mais acertadas", explica a pesquisadora Renata Gracie, do LIS, que vem acompanhando o processo de criação do painel.

Desde março, coletivos vêm implementando diversas estratégias de comunicação (alto-falantes, graffiti, mensagens por aplicativos de celular, podcasts, entre outros) para ajudar a combater a pandemia. Também foram criadas campanhas de financiamento coletivo e redes para fornecimento de cestas básicas aos mais atingidos pela paralisação da economia, além da instalação de pias públicas onde o acesso à água é insuficiente. Os movimentos divulgam diariamente em portais de notícias comunitárias e redes sociais informações sobre o andamento da pandemia.

Fonte: Icict/Fiocruz

Edição: Mariana Pitasse