O ambientalista, jornalista e político Alfredo Sirkis morreu na tarde desta sexta-feira (10), aos 69 anos, em acidente de carro, próximo ao Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense.
Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, Sirkis estava sozinho no veículo e seguia em direção à Via Dutra, quando saiu da pista, bateu em um poste e capotou. Ele estaria indo para um sítio perto de Vassouras, no interior do estado, onde iria encontrar a mãe e um dos filhos.
História
Sirkis nasceu, em 1950, no Rio de Janeiro. Participou do movimento estudantil de 1968 e da resistência à ditadura. Foi membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e participou dos sequestros dos embaixadores da Suíça e da Alemanha, ao lado de Carlos Lamarca, que culminaram na libertação de 110 presos políticos, entre eles, Fernando Gabeira e Carlos Minc. Anos mais tarde, em 1986, os três foram uns dos fundadores do Partido Verde (PV) no Brasil.
Antes disso, Sirkis foi exilado, em 1971, e morou na França, no Chile, na Argentina e em Portugal. Iniciou a carreira jornalística em 1972, em Paris, no jornal Libération, e também trabalhou em veículos de comunicação em Portugal.
De volta ao Brasil, em 1988, quando foi eleito vereador mais votado pelo Rio de Janeiro, criou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Permaneceu como parlamentar municipal por quatro mandatos. Depois foi secretário municipal de Urbanismo, secretário municipal de Meio Ambiente e presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP). Em 2010, foi eleito deputado federal pelo estado do Rio.
Últimos anos
Em 2013, críticas e divergências de Sirkis no PV provocaram a saída de Marina Silva da legenda. Posteriormente, Sirkis ajudou na fundação da Rede Sustentabilidade. Em uma de suas manifestações públicas, que ele chamou de "sincericídio", disse que Marina é uma líder popular, mas que "reage mal a críticas e opiniões fortes discordantes e não estabelece alianças estratégicas com seus pares".
Nos últimos anos, continuou com atuação ativa sobre as questões ambientais. Entre outubro de 2016 e maio de 2019, foi o coordenador Executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC), tendo sido exonerado do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro.
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Autor de diversos títulos, como “Corredor polonês”, “Roleta chilena” e “Verde carioca”, foi com “Os carbonários” que conquistou o Prêmio Jabuti , em 1981, na categoria melhor biografia e também se tornou referência das narrativas sobre os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. Na semana passada, Sirkis lançou virtualmente o livro "Descarbonário", em que relata suas andanças pelo mundo e os debates que participou pela causa ambientalista em conferências e com diversos atores políticos internacionais.
Sirkis teve história larga e movimentada, dessas difíceis de se resumir com facilidade em poucas linhas. Mas, sem sombra de dúvidas, foi um carbonário.
“Quatro décadas depois, o 68 e os anos de chumbo que a ele sucederam são como cenas de um filme antigo, histórias desbotadas, quase implausíveis, conquanto deveras acontecidas àquela outra pessoa que fui. Sinto-me a muitos anos-luz do guerrilheiro Felipe, com seus 19 anos e sua intrincada mescla de revolta e pulsão de ser herói, viver a aventura da nossa geração, que depois, como disse Alex polari, se cortou com cacos de sonho. Não me desconforta esse passado, também não me enaltece”, disse na orelha de "Os carbonários", na edição de 1998.
Edição: Eduardo Miranda