Ditador

No Recife, vereadores decidem manter busto de Castello Branco

A prefeitura da capital pernambucana ainda pode optar pela remoção da estátua

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O requerimento que foi apresentado pelo vereador Ivan Moraes, do Psol, foi derrotado na casa por quinze votos a sete na última segunda-feira (6). - Reprodução

Vereadores na capital pernambucana, Recife, decidiram na segunda-feira (6) manter o busto do Marechal Castello Branco, o primeiro presidente da ditadura militar brasileira iniciada em 1964, que fica localizado em uma ponte da cidade. O requerimento de remoção foi apresentado pelo vereador Ivan Moraes, do Psol, e derrotado na casa por 15 votos a sete.

"O busto de um personagem que foi um ditador, que deu origem a uma ditadura de mais de 20 anos, que assassinou mais de 400 militantes políticos, que deu origem à morte de mais de 7000 indígenas, torturou mais de 20 mil pessoas, perseguiu sindicatos, imprensa livre, eliminou a maioria dos partidos políticos do Brasil. Um personagem desse, não pode ser homenageado pela cidade do Recife", critica Ivan Moraes.

O vereador explica que o requerimento apresentado por ele está em conformidade com o que definiu a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e que independentemente do resultado da votação, o prefeito do Recife Geraldo Julio pode optar pela remoção do busto. "Um requerimento aprovado na Câmara dos Vereadores e Vereadoras não tem força de Lei, é uma sugestão para que o prefeito tome uma atitude".

Para o historiador Allan Luna, o Brasil vai na contramão de outros países que sofreram com ditaduras, como a Argentina, que chegou a julgar e punir ex-torturadores. "É urgente essa mudança da forma como a gente encara a homenagem a esses líderes históricos aqui no Brasil, uma verdadeira guerra de narrativas, que desde a anistia dos anos 1970, passando pelos movimentos de diretas e atravessando toda a democracia, quem vem vencendo são aqueles grupos que exaltam essas figuras como sendo representantes de um regime legitimo", explica.

O também historiador George Cabra, professor da UFPE, defende que o ideal seria o busto ficar exposto em museu com contextualização a respeito do momento histórico a que presta homenagem. "Talvez o Museu da Cidade do Recife, com uma problematização, com uma discussão, do que presentou aquela homenagem em determinado momento histórico, que foi superado, mas que não pode ser esquecido. Então, não se trata de um apagamento, mas, de uma reflexão e que se homenageiem as vítimas, tanto da ditadura militar, quanto da escravidão, e de qualquer outro momento de opressão que a gente tenha em nossa história", conclui. Assista a matéria: 

 

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga e Rodrigo Durão Coelho