Um estudo produzido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) revela que o projeto de entrega ao setor privado de usinas altamente lucrativas no Rio Grande do Sul deve levar a um “tarifaço” - ou grande aumento - nas contas de luz da população e maior desemprego no setor. Em meio à pandemia, alerta o movimento, o governador Eduardo Leite (PSDB), junto com o governo federal de Jair Messias Bolsonaro (sem partido), está encaminhando a privatização de 13 usinas hidrelétricas da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE – GT).
A Agencia Nacional de Energia Elétrica abriu, em meados de junho, uma consulta pública para privatização de todas as 13 hidrelétricas da CEEE-GT, sendo cinco usinas hidrelétricas (UHEs Jacuí, Passo Real, Canastra, Bugres e Itaúba) e oito pequenas centrais hidrelétricas (PCHs Ernestina, Capigui, Guarita, Herval, Santa Rosa, Passo do Inferno, Forquilha, Ijuizinho).
Alvo de projeto de privatização, a CEEE – GT possui ao todo 1.253 megawatts de potência instalada. Além das 13 hidrelétricas próprias, possui participação em outras oito hidrelétricas e cinco parques eólicos. A empresa pública é dona de 6,3 mil km de linhas de transmissão e 55 subestações.
"Essas usinas e linhas de transmissão tiveram uma Receita Liquida em 2019 de R$ 1,29 bilhões, que permitiu um Lucro Líquido de R$ 391 milhões no ano passado (taxa de lucro de 23%) mesmo considerando que a CEEE-GT vende sua energia por um preço barato", enfatiza o estudo do MAB.
Além de apresentar dados sobre capacidade instalada de cada usina, produtividade e lucratividade das empresas, o documento, intitulado “Análise do MAB sobre a privatização de 13 hidrelétricas da CEEE no Rio Grande do Sul”, convoca os setores da esquerda a se posicionarem diante da medida. Conforme mostra o estudo, as usinas já estão totalmente amortizadas e mesmo cobrando tarifas mais baixas que o mercado, acumula lucros. Com a privatização das 13 usinas, o impacto estimado é de R$ 680 milhões/ano nas contas de luz da população.
:: Documentário “Bolívia, a Guerra da Água” é um exemplo para o Brasil ::
“A privatização vai na contramão de todos os esforços para proteger a vida do povo em tempos de pandemia, para recuperar a economia e gerar empregos, colocando os interesses de poucos acima da vida de muitos. Nós, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) somos contra a privatização das hidrelétricas. Essas usinas são do povo e devem continuar vendendo sua energia de forma barata. É preciso colocar a vida acima do lucro, e não o lucro e a pilhagem acima da vida”, afirma o texto.
Acesse o documento “Análise do MAB sobre a privatização de 13 hidrelétricas da CEEE no Rio Grande do Sul” na íntegra.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira e Rodrigo Durão Coelho