Fundado em 1955, o Hospital Sorocabana, localizado na Lapa, zona oeste de São Paulo, está fechado desde 2010, segundo a Prefeitura por problemas na estrutura. A sua reabertura é motivo de uma manifestação pública dos moradores do bairro, que reclamam por estarem sendo encaminhados para tratamento médico em unidades hospitalares que estão saturadas.
É o caso do arquiteto Toni Zagato, coordenador do Conselho Participativo Municipal (CPM) da Lapa, que teve um problema de saúde e foi encaminhado para um hospital em Pirituba, longe de sua residência, onde teve dificuldades para agendar exames e consultas, por conta da alta demanda na unidade.
Zagato está empenhado, ao lado dos moradores da Lapa, pela reabertura do Sorocabana, que está no centro de um imbróglio envolvendo os governos de João Dória e Bruno Covas, governador do estado e prefeito da capital paulista, respectivamente.
Leia mais.: Proteção à saúde mental em tempos de pandemia
“A reabertura do Sorocabana cumpriria uma lacuna de atendimento hospitalar que inexiste na região Oeste. Desde que o Sorocabana foi fechado, as pessoas são remetidas para outros hospitais já saturados”, aponta o arquiteto.
O imbroglio
O terreno onde está localizado o prédio, é de propriedade do governo estadual, que em 2016 concedeu sua posse, por 20 anos, ao município. Essa transição é determinante para o impasse sobre quem deve investir nas obras para restauração do hospital, que devem custar R$ 100 milhões.
Atualmente, somente o térreo e o mezanino funcionam, onde há uma unidade da AMA e da Rede Hora Certa. Os outros cinco andares do prédio estão inativos e não foram utilizados nem mesmo durante o período de pandemia por coronavírus, quando o município de São Paulo chegou a flertar com a saturação de leitos de UTI em hospitais públicos.
Os moradores da região reclamam que a Prefeitura se nega a investir na reabertura do hospital, mas que tem alugado os andares para produções audiovisuais. Desconfiado, Zagato tem exigido que a Prefeitura autorize uma vistoria do Conselho Participativo Municipal (CPM) no prédio, para verificar as reais condições do imóvel.
“Estamos reivindicando que a Prefeitura autorize a sociedade civil organizada a fazer uma vistoria nos cinco andares superiores do hospital, que continuam fechado. O hospital tem sete andares, 11 mil m² de área construída, mas somente o térreo e o mezanino são ocupados. São esses mesmos espaços que foram anunciados como suposta reabertura, com instalação de 60 leitos de enfermaria para tratamento da covid-19. Mas até o momento, não foram instalados”, lamenta Zagato.
A proposta dos moradores é que os representantes de conselhos locais e técnicos contratados por eles, como engenheiros e arquitetos com especializações em construções hospitalares, acompanhem profissionais da Prefeitura durante uma visita ao local.
“Se a prefeitura alega que a estrutura está danificada, como permite atendimento da AMA, do Hora Certa e agora quer instalar 60 leitos no térreo? Existe aí uma contradição. Se o prédio está com a estrutura danificada, não há como receber pacientes lá e colocar suas vidas em risco. Ou a Prefeitura afirmou, de forma leviana, que a estrutura está danificada”, encerra Zagato.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), afirma que "foram autorizadas quatro filmagens no Hospital Sorocabana, nas áreas desativadas que não fazem parte das unidades em uso pela Prefeitura, para não atrapalhar os trabalhos desenvolvidos nos serviços instalados no terreno. Os responsáveis pelas produções doaram serviços para o próprio hospital, conforme decreto 58.102/2018, como reparos no telhado e nas janelas. Houve ainda doação de colchões hospitalares para maca, que foram destinados à rede municipal de saúde. Após a realização das filmagens as produtoras devem deixar o local de gravação em estado igual ou melhor do que encontraram e seguirem os procedimentos estabelecidos pela legislação".
A São Paulo Film Commission oferece assistência para a gravação de produções audiovisuais na capital paulista com o objetivo principal de dar visibilidade à cidade. Todo local da cidade pode ser cenário mediante a adequação da produção audiovisual às especificidades de cada espaço. Sendo assim, o município viabiliza filmagens em ruas, parques, teatros, equipamentos esportivos, áreas administrativas da Prefeitura, entre outros locais públicos municipais. Lembrando que, desde março, após a Prefeitura decretar estado de emergência para o enfrentamento da pandemia decorrente do Novo Coronavírus, as autorizações de filmagens emitidas estão suspensas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho