Rio de Janeiro

Visitas ilustres

Desde maio, quase 100 pinguins foram resgatados no litoral do Rio de Janeiro

Animais viajam mais de mil quilômetros em busca de alimento; muitos chegam fracos, hipotérmicos e morrem nas praias

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Pinguim em tratamento de recuperação na unidade de estabilização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos - PMP Bacia de Santos -Área RJ

Todos os anos, nesta época, as praias do Rio de Janeiro são visitadas pelos pinguins. Moradores das cidades de Niterói e Maricá, na região metropolitana, têm flagrado com frequência os animais nadando no mar ou na faixa de areia do litoral. As aves despertam curiosidade de quem avista por não serem animais típicos do Brasil.

De acordo com Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que funciona dentro da Universidade Santa Úrsula, na capital fluminense, 99 pinguins já foram resgatados no estado do Rio neste ano, sendo que 32 não resistiram e morreram. A médica veterinária e coordenadora do PMP, Daphne Goldberg, explica que os animais chegam hipotérmicos e debilitados após uma viagem de mais de mil quilômetros até o litoral brasileiro em busca de comida.

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“Eles migram cerca de mil, 2 mil quilômetros. Muitos desses animais ficam cansados e não conseguem se alimentar adequadamente. Outros acabam ingerindo lixo ou ficando presos em redes de pesca, chegam aqui exaustos, extremamente cansados e magros. Um animal desses tem em média 4 quilos e chegam para a gente com 1,5 quilos. Como eles não têm mais energia, chegam hipotérmicos também”, diz a veterinária.

A migração dos pinguins das colônias reprodutivas, localizadas na Argentina e no Chile, ocorre de maio até setembro. A maior presença das aves no estado do Rio ocorre nos meses de junho e julho. Na unidade de estabilização do PMP, 11 pinguins, que apareceram das cidades de Niterói e Rio de Janeiro estão em tratamento.  

De sábado (27) até a última quinta-feira (2), quatro aves foram resgatadas pela Coordenadoria de Meio Ambiente (CMA) da Guarda Municipal de Niterói. Os registros já foram feitos nas praias de Icaraí, Piratininga e São Francisco. A equipe do Brasil de Fato flagrou um pinguim que apareceu na praia de São Francisco na última quinta-feira (2). De acordo com informações da assessoria de comunicação da Prefeitura de Niterói, os agentes ambientais não precisaram realizar o resgate porque o animal conseguiu retornar para alto mar. 

 

 

Os pinguins têm aparecido também nos 46 quilômetros de litoral da cidade de Maricá, que também recebe, com frequência, tartarugas e lobos marinhos. Na quinta-feira (2), moradores flagraram um pinguim morto na faixa de areia da praia de Ponta Negra. Goldberg recomenda à população que encontrar o animal vivo, não o colocar em superfície gelada e, caso esteja muito quente, o deslocar para a sombra enquanto aguarda a chegada da equipe de resgate. 

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“Depois de entrar em contato, pedimos para não colocar o animal em superfície gelada e nem em ambiente frio, se tiver uma toalha, canga, um pano, enrolar o animal nesse pano seco e mantê-lo fora do vento. Se estiver muito quente, retirá-lo do sol e colocá-lo numa área sombreada e evitar aglomeração em torno do animal que já está estressado”, orienta. 

Resgate

A Coordenadoria de Meio Ambiente (CMA) da Guarda Municipal de Niterói orienta que os moradores da cidade acionem o serviço imediatamente, pelo telefone 153, ao encontrar animais silvestres ou marinhos.

"Os guardas ambientais são treinados para realizar o resgate adequadamente. Os animais são avaliados e, caso necessário, passam por processo de recuperação até serem devolvidos ao mar", explica Jociley Neves, responsável pela Coordenadoria de Meio Ambiente (CMA) da Guarda Municipal de Niterói.  

Já a Prefeitura de Maricá orienta que caso os moradores encontrem um pinguim na praia não o remova. A recomendação é aquecer o animal com um pano seco - por conta do estresse e da hipotermia – e acionar a secretaria pelo número (21) 2637-1581 para as providências necessárias.

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) Área Rio de Janeiro também realiza o resgate e recolhimento de cadáver. Caso a população aviste algum animal marinho encalhado na praia, basta entrar em contato pelo telefone 0800 999 5151 e informar o local.  

Edição: Mariana Pitasse