A privatização da água (que, como toda privatização, é internacional) significa um prelúdio da total e completa apropriação imperialista do território. Água, terra, ar e sol. Com esses quatro elementos da natureza sob seu controle, as nações hegemônicas irão fazer a transição dos combustíveis fósseis - petróleo e carvão mineral -, para os combustíveis vegetais, a chamada energia da biomassa.
Não devemos nos esquecer que essa transição tem por objetivo estender a sobrevida do capitalismo.
Como se sabe, o capitalismo nasceu e se desenvolveu movido pelos combustíveis fósseis: primeiro, carvão mineral na Inglaterra; depois, petróleo nos Estados Unidos. Esses combustíveis fósseis do capitalismo são finitos, favoráveis, exauríveis; portanto, a questão é saber se o capitalismo perdura sem a existência de petróleo.
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Acrescente-se a seguinte questão: o uso do petróleo arruina a natureza e põe a vida humana em perigo. Exemplo desse fato ocorreu com o povo Ogoni, no Estado de Rivers, na Nigéria. Foram removidos de seu território, à força em razão das águas subterrâneas de sua região terem sido completamente poluídas pelas empresas petrolíferas na esteira da violenta privatização ocorrida na década de 1990.
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O capitalismo é o sistema social que explora simultaneamente a força de trabalho operária e depreda os recursos naturais. O que estamos observando atualmente é o predomínio da contradição ecológica: falta de água potável; enchentes; inundações; aquecimento climático e a deflagração de pestes e pandemia, sabendo que a do coronavírus não será a última.
É nesse contexto histórico que temos de entender a privatização dos recursos naturais.
Não seria um disparate afirmar que tudo o que está acontecendo na política do Brasil nas últimas décadas não é senão o reflexo da apropriação imperialista do território nacional, de que faz parte a criminosa privatização da água. O Brasil é o maior país tropical do planeta e detém a maior quantidade de água doce. É o alvo da cobiça imperialista. Infelizmente, os partidos progressistas ainda não se atentaram para o que significa a morte do povo brasileiro sem água potável para beber.
*Leonel Brizola Neto (Psol) é vereador da cidade do Rio de Janeiro.
Edição: Mariana Pitasse