Na cidade do Rio de Janeiro, famílias que têm filhos matriculados na rede municipal de ensino alegam que estão tendo dificuldade para acessar o auxílio-alimentação fornecido pela prefeitura aos estudantes durante o período da pandemia. Os problemas enfrentados para o cadastro no benefício são relatados por pais de alunos desde o dia 12 de abril, quando o governo iniciou a distribuição do cartão Cesta Básica.
A dona de casa Marcia Jacintho é moradora da comunidade Nossa Senhora da Guia, no Morro do Gambá, no bairro Lins, na zona norte do Rio. Ela tem um filho adotivo de seis anos matriculado na Escola Municipal Affonso Taunay e até hoje não conseguiu ter acesso ao cartão, no valor de R$ 100, nem a cesta básica entregue pela Secretaria Municipal de Educação (SME).
“Eu fiz o cadastro e, na verdade, deu problema no sistema. A CRE [Coordenadoria Regional de Educação] não sabe explicar e jogam para a Secretaria [Secretaria Municipal de Educação] que não atende ao telefone. Não só eu, mas várias mães estão nessa situação”, explica Marcia, acrescentando que outras sete famílias que conhece no Gambá estão passando pelo mesmo problema para acessar o benefício.
Da dor à luta
A história de Marcia por justiça não é de hoje. A dona de casa ficou hipertensa e com complicações no coração após o assassinato do seu filho Hanry Silva Gomes da Siqueira de 16 anos, durante uma operação policial no Morro do Gambá, em 2002.
Desde então, Marcia iniciou uma incansável batalha para provar a inocência de Hanry. A dona de casa voltou a estudar, chegou a cursar o 1º período da faculdade de Direito e, por seis anos, investigou sozinha o caso. O Estado foi condenado em 2009, os policiais envolvidos na execução foram responsabilizados pelo crime e expulsos da Polícia Militar.
“O Estado foi condenado em 2009 e até hoje eu nunca tive o reparo deles, nem psicológico, nem de saúde e nem o financeiro. Do estado do Rio eu só tive a bala que atravessou o coração do meu filho”, lamenta a dona de casa que integra a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência.
O que diz a Prefeitura?
O Brasil de Fato procurou a Secretaria Municipal de Educação (SME) para obter respostas com relação à dificuldade enfrentada por famílias para acessar o benefício da cesta básica. No caso específico de Marcia, o órgão informou à reportagem que a mãe deve entrar em contato para agendar a retirada do benefício.
Segundo a nota, “a Sra. Marcia Jacintho de Oliveira foi convocada e não compareceu à unidade escolar na data agendada para realizar a retirada no cartão Cesta Básica. No dia 19/05, a diretora da escola enviou uma mensagem por Whatsapp para que a mãe comparecesse à 3ª Coordenadoria Regional de Educação e realizar a retirada do cartão Cesta Básica”.
A Secretaria Municipal de Educação informou ao Brasil de Fato que já distribuiu mais de 230 mil benefícios entre cestas básicas e cartões cesta básica para os alunos da rede desde o início da pandemia e que mais cestas serão entregues até o fim do mês. De acordo com o órgão, os responsáveis devem aguardar as orientações da SME para buscar as cestas básicas.
Edição: Mariana Pitasse