Ao todo, 2.086 indígenas se contaminaram com coronavírus no Brasil. Desses, 82 morreram. Os dados foram divulgados em coletiva do Ministério da Saúde, na última terça-feira (9), utilizada para falar apenas sobre a situação dos povos originários. Questionado por jornalistas sobre as medidas que estão sendo tomadas para atender essa população, Robson Santos, Secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, agradeceu a providência divina.
“Deus está sendo bom e não está sendo tudo de uma vez e estamos conseguindo nos antecipar aos problemas”, disse Santos. Ao seu lado, estava Marcelo Xavier, presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), que comentou a situação do povo Yanomami, em Roraima, afetado pela corrida aos garimpos, que tem feito cerca de 20 mil garimpeiros invadirem o território indígena. Para o dirigente, a culpa não é do governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Esse garimpo no Yanomami não é criação desse governo, ele está lá desde a década de 1980. Lembrando que a Funai tem monitorado a situação, a Funai quanto o Conselho da Amazônia. Nós já implementamos, no entorno do garimpo, 28 barreiras sanitárias. Além disso, a Funai já participou de 136 ações em 63 Terras Indígenas”, explicou Xavier.
Os mais de 2 mil casos de contaminação por coronavírus estão distribuídos em 488 aldeias no território nacional, 8,5% do total de 5.852 agrupamentos deste tipo. Entre os distritos indígenas com maior incidência de casos, estão o Alto Rio Solimões (444), no Amazonas, Ceará (158), Maranhão (148), além do Alto Rio Negro (141) e Manaus (128), ambos no Amazonas.
Tatiana Alvarenga, secretária executiva do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, afirmou, durante a entrevista coletiva que, o governo federal empreendeu R$ 4,7 bilhões para atender as populações indígenas.
O Ministério da Saúde anunciou que os óbitos e casos de contaminados serão contabilizados apenas entre os indígenas aldeados. Aqueles que estão fora das aldeias, não entrarão nas estatísticas. Dessa forma, o índice de letalidade entre essa população cai para 3,9%. Porém, se contabilizados os indígenas, independente de onde residem, o índice de mortalidade chega a 8,5%, de acordo com levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
“Os dados que estão sendo divulgados pelo Ministério da Saúde são dados subnotificados, porque não representa a totalidade dos casos. Por isso, estamos fazendo nosso próprio levantamento. O governo não leva em consideração os indígenas que estão fora das aldeias. Aí, nós temos várias situações, são indígenas que estão em trânsito, porque estudam ou trabalham. Nós temos casos de indígenas que moram em cidades, comunidades indígenas que já estão em contexto urbano, que já se constituíram nas periferias das cidades”, afirma Luiz Eloy Terena, representante da Apib.
Edição: Rodrigo Chagas