Para espantar o frio, confira a receita do quentão com especiarias, bebida típica das festas juninas
Você já deve ter visto pela internet um “meme” que diz: “tanta guerra pelas especiarias e você ainda usando tempero pronto”. Não é a toa que tantos conflitos aconteceram, pois na época das grandes navegações, as especiarias eram produtos de difícil acesso e, portanto, muito caras. Eram originárias principalmente da Ásia e começaram a circular por vias terrestres e marítimas para outras regiões do mundo. No entanto, muito antes desse período, estima-se que por volta de 50.000 a.C., já havia sido descoberto que partes de plantas aromáticas ajudavam a dar mais sabor aos alimentos.
Além de terem sido muito usadas como moedas de troca pelo alto valor monetário, as especiarias apresentam muitas outras funções. A conservação dos alimentos (principalmente das carnes) pode ser feita com sal grosso, pimenta e cúrcuma, por exemplo; o uso medicinal pode auxiliar em inflamações, dores, febres, etc; muitas especiarias são consideradas afrodisíacas, aumentando a vitalidade e o vigor; as especiarias mais aromáticas podem ser usadas como perfumes ou incensos, apresentando também uma função terapêutica através do odor; e o uso mais disseminado que é dar sabor às preparações culinárias.
Em paralelo ao uso milenar e tradicional das especiarias, a ciência moderna reforça, através de diversos estudos, a importância desses condimentos para a saúde humana.
Já está confirmado que muitas combatem o envelhecimento celular precoce, auxiliam na prevenção do câncer e doenças cardiovasculares, melhoram cognição e a memória, auxiliam no tratamento de hipertensão, diabetes e colesterol, melhoram sintomas gastrointestinais (como a má digestão, a flatulência, a azia e a prisão de ventre), apresentam ação anti-parasitária, reforçam a imunidade, entre tantas outras funções importantes para a manutenção do nosso organismo.
A palavra especiaria se refere a qualquer produto de origem vegetal (cascas, flor, fruto, semente, caule, raiz) que seja aromático ou de sabor acentuado. Se pensarmos na diversidade ambiental e cultural do Brasil, encontramos muitas especiarias maravilhosas (porém pouco conhecidas): cana-de-açúcar, urucum, pimenta de macaco, pimenta rosa (aroeira), pequi, tamarindo, cumaru, amburana, pracová, priprioca, imbiriba, puxuri, diversos tipos de pimenta e a lista se alonga conforme mergulhamos país adentro. Porém, muitas das especiarias usadas hoje na nossa culinária vieram de outros países e foram completamente incorporadas: gengibre, cravo, canela, pimenta do reino, cardamomo, noz moscada, anis estrelado, coentro, mostarda, entre outras.
Para espantar o frio e deixar sua casa com um cheiro maravilhoso, segue uma receita com as especiarias trazidas de longe, mas que se transforma em uma bebida completamente brasileira: o quentão.
QUENTÃO (COM E SEM ÁLCOOL)
Ingredientes:
2 xícaras (chá) de água
1 xícara (chá) de açúcar
1 colher (de sopa) cheia de gengibre ralado
Casca de 1 limão
2 paus de canela
4 cravos da índia
2 sementes de cardamomo
2 xícaras (chá) de cachaça (opcional)
Modo de preparo:
Em uma panela média coloque o açúcar, gengibre, casca de limão, canela, cravo e cardamomo; deixe o açúcar derreter em fogo baixo, até virar um caramelo; mexa as vezes para não queimar; retire a panela do fogo e coloque a água aos poucos; mexa até que o açúcar esteja totalmente dissolvido.
Volte a panela para o fogo médio e deixe cozinhar por 15 minutos.
Caso você queira fazer o quentão tradicional, com álcool, adicione depois dos 15 minutos de cozimento, a cachaça. Deixe cozinhar em fogo baixo por mais 10 minutos, com a panela tampada.
Para servir, você pode coar ou não, fica à seu critério.
Edição: Mariana Pitasse