Integrantes de torcidas organizadas de times de São Paulo estavam realizando ato pró-democracia quando policiais militares iniciaram confronto contra os manifestantes na Av. Paulista, região central da capital, na tarde deste domingo (31).
Segundo Sheila de Carvalho, advogada que está acompanhando a manifestação, o ato iniciou pacífico. Ela explica que em dado momento, a PM realizou a escolta de uma manifestante identificado com Bolsonaro. Antes disso, duas mulheres bolsonaristas entraram em meio à multidão das torcidas organizadas e proferiram algumas palavras contra o ato. Integrantes das torcidas organizadas reagiram a estes gestos, e nesse momento, a polícia tomou a iniciativa de atirar bombas de efeito moral e gás lacrimogênio.
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"Duas mulheres se infiltraram e provocaram o movimento das torcidas organizadas, a PM conseguiu retirá-las. Mas além disso, a polícia realizou a escola de uma manifestante pró-Bolsonaro, e foi ai que começaram os conflitos"
O Estado é politicamente neutro. Dizem 😒 pic.twitter.com/djq4dX7UW2
— Jeff Nascimento (em 🏠) (@jnascim) May 31, 2020
A partir desse gesto, iniciou repressão policial contra as torcidas organizadas que estavam munidas de pedaços de pau e pedras encontradas na rua. Foram aproximadamente 30 minutos de combate mais intenso. Houve uma dispersão do grupo pró-democracia, mas os manifestantes se mantiveram ocupando a rua e criaram uma barreira de proteção com objetivos encontrados na rua.
As manifestações pró-Bolsonaro e contra as medidas de isolamento social estavam ocupando a Avenida Paulista todo domingo semana após semana. A indignação com esses atos foi tamanha que palmeirenses, corintianos, são paulinos e santistas organizaram um ato unificado na tarde deste domingo (31) também na Avenida Paulista para impedir que a manifestação bolsonarista ocorresse.
Manifestantes antifascistas encontram com apoiadores do Bolsonaro que também realizam protesto na avenida Paulista na tarde deste domingo.
— Ponte Jornalismo (@pontejornalismo) May 31, 2020
Por @draomcqueen pic.twitter.com/YY72q6O2l9
Gritando "fora fascistas" e pedindo democracia, o ato coordenado pelas torcidas organizadas iniciou por volta das 13 horas, próximo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). No mesmo horário, no Rio de Janeiro, flamenguistas realizavam uma manifestação pela mesma motivação em Copacabana.
No início da tarde, a segurança da PM era reforçada na Avenida Paulista. De acordo com a SSP (Secretaria de de Segurança Pública), mais de 200 policiais militares estão na avenida e imediações. Até o momento três pessoas foram detidas.
Questionada pelo Brasil de Fato sobre o que levou a PM a atirar bombas contras os manifestantes, a Secretária respondeu que "durante os trabalhos, houve briga generalizada e a PM atuou para impedir o conflito entre os grupos antagonistas". A SSP informou que cinco pessoas foram detidas e não disse qual é a situação nem o nome das pessoas. Um homem, de 43 anos, foi agredido pelos investigados e socorrido à Santa Casa.
Em Brasília
Jair Bolsonaro voltou a prestigiar manifestações antidemocráticas em Brasília. Desta vez, ele requisitou um helicóptero oficial para sobrevoar a Esplanada dos Ministérios. Em seguida, o presidente brasileiro cumprimentou manifestantes, sem fazer uso de máscara, conforme exigência do governo distrital para o combate à covid-19, e andou a cavalo próximo aos manifestantes. No ato, eram exibidas faixas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional.
Pelo Twitter, o Bolsonaro publicou um print de uma mensagem de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em que o estadunidense diz que classificará "Antifa" como organização terrorista. Antifa é uma abreviação de antifascista. O termo refere-se a grupos que lutam contra o fascismo no mundo. Trump enfrenta, após o assassinato de morte George Floyd por policiais militares, uma série de protestos contra o racismo e o genocídio da população negra.
Edição: Lucas Weber