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De que povo armado fala Jair Bolsonaro?

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Bolsonaro voltou a participar de manifestações organizadas por seus seguidores no último domingo (24) - Evaristo Sá/AFP
Ele fala em armar milícias, ele fala em armar um forte bloco de apoio ao seu governo contra o povo

Apesar do avanço do coronavírus no mundo, mas sobretudo no Brasil, que passa a ser o epicentro desta pandemia - temos aproximadamente 400 mil casos e mais de 25 mil óbitos - somos o país que registra, diariamente, os maiores números de casos e de mortes.

O que levaria, naturalmente, o governo e a nação brasileira a debater primeiro como salvar vidas e garantir a saúde das pessoas e a debater também um programa de recuperação da nossa economia, que garanta empregos, que garanta renda, que garanta a continuidade das atividades das micro-empresas, das pequenas, das médias e até mesmo das grandes empresas.

Mas ao invés disso, nós estamos cada dia mais envolvidos em uma crise política profunda. Uma crise gerada por Jair Messias Bolsonaro.

A divulgação da gravação da reunião do dia 22 de abril, que ocorreu agora no final de semana, foi algo que estarreceu a nação brasileira. Sobretudo brasileiras e brasileiros democratas. Não apenas pela quantidade de palavrões ali ditos, não apenas pela forma como tratar assuntos tão importantes, mas pelo conteúdo.

Muitos dizem que foi uma reunião sem um objetivo claro, uma reunião sem pauta definida. Eu tenho a compreensão que havia sim uma pauta clara, uma pauta definida objetivamente. Foi uma reunião convocada por Bolsonaro e a sua pauta, o seu objetivo era enquadrar todo o seu ministério diante de sua política.

Fazer com que todos os ministros e ministras falassem a mesma linguagem. Foi uma reunião muito clara no sentido de dizer que o governo não temerá em endurecer, caso seja atacado. Foi uma reunião muito clara no sentido de Jair Bolsonaro dizer ao seu ministério que a tarefa principal dos ministros é proteger Jair Bolsonaro, sua família, seus amigos e o próprio governo Bolsonaro.

Chegou ao ponto de falar abertamente e defender abertamente, mais uma vez, a necessidade de acelerar medidas que garantam uma ampla política de armamento, de liberação de armas à população brasileira. Usou uma frase idêntica a uma frase usada por Benito Mussolini, o ditador italiano, em 1937. Disse Jair Bolsonaro que um povo armado não será um povo escravizado.

Ora, de que povo armado fala Jair Bolsonaro? Não é da maioria do povo pobre, simples, homens e mulheres trabalhadores do Brasil. Quando ele fala em armamento, ele fala em pessoas que tem condições de comprar armas e munições. Ele fala em armar milícias, ele fala em armar um forte bloco de apoio ao seu governo, de apoio à sua política contra a grande maioria do povo brasileiro.

Então, no meu entendimento, este foi o recado mais duro e grave passado pela reunião ministerial do dia 22, sem falar da gravidade das ameaças ao STF, de ameaças e a revelação de ações contra a nossa Amazônia e contra o nosso meio ambiente. Mas sem dúvida nenhuma, a mensagem mais grave foi essa, que revelou o caráter ditatorial e o caráter fascista deste governo Jair Bolsonaro.

Na sequencia assistimos também uma operação contra o governador e o governo do Rio de Janeiro. Operação, esta, que foi anunciada anteriormente por uma deputada bolsonarista, que possivelmente deve ter tido informação privilegiada.

Jair Bolsonaro está trabalhando para aparelhar o seu governo para aplicar a sua política genocida, entreguista e subserviente aos EUA. Mas também uma política que proteja a sua família, envolvida em investigações graves e sérias.

Basta ver o bate-boca que se formou entre o governador do Rio de Janeiro e o senador Flávio Bolsonaro, o 01, quando o governador do Rio de Janeiro fala que, quem deveria estar preso por todas as provas já apresentadas, seria Flávio Bolsonaro.

A situação do Brasil, portanto, é grave. E esta situação grave exige de nós muita responsabilidade e muita unidade neste momento. Unidade para seguir mostrando à população os reais objetivos de Bolsonaro para seguir mostrando ao povo brasileiro o quanto está sendo prejudicado ele e a nossa soberania, o nosso próprio país com a política de Bolsonaro. E isso só será possível com uma ampla unidade das forças de esquerda e que busquem a ampliação para que a gente possa garantir a nossa democracia e o nosso estado de direito.

Edição: Leandro Melito