A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (26) uma operação que teve como alvo endereços relacionados ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A Operação Placebo apura indícios de desvios de recursos destinados à saúde e ao combate à covid-19 no estado do Rio.
Durante a manhã, formam cumpridos 12 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Rio de Janeiro e também no estado de São Paulo. No Rio, as buscas foram realizadas no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, e na casa de Witzel no Grajaú, zona norte da cidade, onde ele morava antes de ser eleito.
Witzel teve o nome enviado para a Procuradoria-Geral da República (PGR) há cerca de duas semanas, depois de uma outra operação da PF que prendeu o ex-subsecretário estadual de saúde Gabriell Neves e o empresário Mário Peixoto, que mantinha contratos com o governo do estado. Peixoto é um nome presente nos acordos de prestação de serviço desde os governos de Sérgio Cabral (MDB), atualmente preso em Bangu 8.
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Em nota, o governador do Rio disse que não há nenhum tipo de autoria sua em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo Witzel, a interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após mudanças no comando da Polícia Federal "está devidamente oficializada".
"Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos", disse o governador.
Antes que a operação ocorresse, alguns deputados aliados de Bolsonaro comemoraram publicamente e também anteciparam ações da PF contra "alguns governadores", como foi o caso da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) em entrevista a um programa de rádio ma última segunda-feira (25).
Líder do PSB na Câmara, o deputado Alessandro Molon (RJ) chamou a atenção para o vazamento de informações sobre a ação e disse que vai pedir que o Ministério Público investigue se houve abuso de poder ou uso político por parte da Polícia Federal na operação.
“Bolsonaro quer usar a Polícia Federal como um braço policial seu, que obedeça a seus comandos, a fim de proteger familiares e amigos, e atacar desafetos. Denúncias de desvios de dinheiro público são graves e devem ser investigadas com rigor. Porém, a operação deflagrada hoje foi adiantada ontem por uma de suas maiores aliadas, o que indica que a interferência do presidente na PF está sendo bem-sucedida", disse o parlamentar do PSB.
Edição: Eduardo Miranda